Quarta-feira, 09 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 8 de julho de 2025
Os ucranianos receberam com satisfação o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de enviar mais armas ao país para a defesa dos ataques da Rússia, mesmo que essa tenha sido apenas a última de uma série de reviravoltas na abordagem do republicano sobre a Guerra na Ucrânia.
Ao jornal The New York Times, legisladores e analistas de Kiev disseram que não esperam uma reviravolta completa na assistência militar, dado o ceticismo de Trump em relação aos gastos dos Estados Unidos com a Ucrânia e sua hesitação em dar continuidade à ajuda militar já financiada pelo Congresso.
Quando o governo de Trump decidiu, na semana passada, pausar algumas transferências de armas já aprovadas para a Ucrânia, as autoridades americanas disseram que o motivo era revisar os níveis de armas nos estoques nacionais.
No entanto, na segunda-feira (7), Trump disse que os recentes ataques de Moscou às cidades ucranianas não lhe deixaram outra escolha a não ser enviar mais armas. “Temos que fazer isso”, disse Trump. “Eles precisam ser capazes de se defender”. Ele acrescentou que estava insatisfeito com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que vem atrasando as negociações de cessar-fogo que começaram em fevereiro.
Nessa terça-feira, durante uma reunião televisionada de seu gabinete, Trump voltou a sugerir Putin não estava negociando de boa fé. “Se você quer saber a verdade, Putin nos joga um monte de besteiras”, disse o presidente. “Ele é muito gentil conosco o tempo todo, mas isso acaba não fazendo sentido.”
Iryna Gerashchenko, parlamentar ucraniano pelo Solidariedade Europeia, partido de oposição, escreveu nas mídias sociais que o anúncio de Trump “um sinal de mudança política”. “A intensidade cada vez maior dos ataques russos e a crescente pressão dos aliados na Europa, especialmente Alemanha e França, estão forçando a Casa Branca a mudar”, disse o congressista. “Obrigado, presidente!”, disse Arseniy Yatsenyuk, ex-primeiro-ministro da Ucrânia.
Por outro lado, há os que demonstram reservas sobre a continuidade do fornecimento de armas, sobretudo por considerar os zigue-zagues anteriores de Trump em relação à ajuda militar aos ucranianos e sua posição hesitante sobre sanções contra a Rússia.
Sob o governo Trump, a Ucrânia não pode mais contar com armas doadas pelos Estados Unidos, pois a política americana passou a se concentrar no Oriente Médio e na região do Pacífico, afirmou Maksym Skrypchenko, presidente do Transatlantic Dialogue Center, grupo de pesquisa de Kiev.
“Não é a estratégia ideal que gostaríamos de ver”, disse o pesquisador. “Mas precisamos nos adaptar a ela, e devemos encontrar um lugar para a Ucrânia nessa estratégia.”
Trump mudou de opinião após uma semana sombria para os ucranianos, que contou com o maior bombardeio aéreo da Rússia desde o ínicio da guerra.
A pausa ordenada no início da semana passada foi a segunda interrupção de ajuda militar durante o governo Trump. Em março, dias depois do bate-boca com Volodymyr Zelenski no Salão Oval da Casa Branca, houve uma breve suspensão da cooperação militar e de inteligência com os ucranianos.
Desde janeiro, o governo Trump emitiu sinais controversos sobre seu grau de apoio à Ucrânia.
A gestão do republicano acompanhou a Rússia em algumas votações na Organização das Nações Unidas (ONU), impôs tarifas sobre a Ucrânia, mas não sobre a Rússia, resistiu à promulgação de novas sanções contra os russos e reavivou as relações diplomáticas com Moscou, mesmo quando as negociações de cessar-fogo estavam paralisadas.
Ao mesmo tempo, Trump expressou rejeição sobre Putin e, em maio, chamou-o de “louco” por bombardear Kiev.
A mudança de posição de Trump aumenta as esperanças de que as defesas aéreas da Ucrânia obtenham os mísseis Patriot, interceptadores suficientes para combater os ataques dos mísseis balísticos da Rússia. Com a retomada da ajuda militar, também se espera que os soldados ucranianos da linha de frente recebam munição para manter a infantaria.
A longo prazo, Zelenski não pede apenas a retomada das doações de armas, mas também um aval para comprar armas dos Estados Unidos diretamente de empresas do país, com recursos provenientes de financiamento da Europa. As informações são do jornal The New York Times.
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