Sexta-feira, 29 de Março de 2024

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O ICMS está nas manchetes. A Câmara dos Deputados fixou o teto de 17% para a cobrança do imposto. Os governadores, que administram o tributo, estão em pé de guerra. É que muitos estados perderão receita. A discussão enseja uma diquinha de português. Impostos, taxas, contribuições se grafam com a letra inicial maiúscula: Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Taxa do Lixo.

Na origem

Você paga imposto com prazer? Não. Pagamos tributos porque somos obrigados. Alguns vêm descontados na fonte, outros embutidos no preço da mercadoria. A origem do nome diz tudo. Imposto nasceu do latim impositu. Quer dizer realizado à força, sem consentimento.

Polêmica

A CNN publicou na telinha a frase: “Papa pede rígido controle de armas após ataque a escola no Texas”. Francisco se manifestou ao saber que um jovem americano invadiu um colégio e matou 19 alunos e duas professoras. Telespectadores atentos se preocuparam com a crase ou a falta de crase na declaração do papa – ataque a escola do Texas.

Ocorre crase? Não ocorre? Faça sua aposta. Escolheu não? Acertou. Para comprovar, basta substituir a palavra feminina por uma masculina. Se no troca-troca der ao, sinal de casamento de preposição mais artigo. Caso contrário, nada de acento: Papa pede rígido controle de armas após ataque a colégio do Texas.

Trata-se de uma entre tantas escolas do Texas. Sem especificação, nada de acento. Compare com: Papa pede rígido controle de armas após ataque à Escola Robb Elementary no Texas.

Aplicando o truque do trota-troca: Papa pede rígido controle de armas após ataque ao Colégio Robb Elementary no Texas.

 

Mais exemplos

– Vou à cidade. Vou ao clube.

– É fiel à namorada. É fiel ao namorado.

– Obedeceu à chefe. Obedeceu ao regimento.

– Dirigiu-se à escola onde estuda. Dirigiu-se ao parque.

 

Que diferença

O amor bate à porta

E tudo é festa.

O amor bate a porta

E nada resta.

(Cineas Santos)

 

Bolsonaro

“É inaceitável pagar subsídios aos estados”, disse Bolsonaro em entrevista. Pronunciou “subzídio”. Nada feito. O s de subsídio soa como o s de subsolo.

 

Por falar em pronúncia…

Insegurança alimentar atinge 36% da população. Em bom português: mais de um terço dos brasileiros passa fome. “A situação está ruim”, disse a repórter. Esqueceu-se de que ru-im tem duas sílabas. Orgulhosas, elas gostam de ser bem pronunciadas. O acento tônico cai na última (im). É como Joaquim, arlequim, gergelim. Não diga “rúim” como a apressada profissional.

 

Intruso

Por alguma razão que intriga até a Deus, estados que não têm artigo no nome passaram a ser pronunciados na companhia do pequenino. Os solitários Goiás, Sergipe, Pernambuco, Mato Grasso e Mato Grosso do Sul viraram o Goiás, o Sergipe, o Pernambuco, o Mato Grosso, o Mato Grosso do Sul.

É a receita do cruz-credo. As autossuficientes unidades da Federação dispensam a companhia: Goiás faz divisa com o Distrito Federal. Nasci em Goiás. Ele é de Goiás. Sergipe faz parte da Região Nordeste. Pernambuco também. Trabalha em Sergipe, mas mora em Pernambuco. Você é de Mato Grosso ou de Mato Grosso do Sul?

 

Leitor pergunta

Pode me explicar o significado da expressão sine qua non? – Jéssica Araújo, BH.

Sine qua non é uma latina exibida. Quer dizer condição indispensável. Cuidado com ela. Só use as três palavrinhas no singular: Reduzir a pobreza é condição sine qua non para o desenvolvimento sustentável do país.

E o plural? É sine quibus non. Valha-nos, Deus. Ninguém entende. Se você se referir a mais de um ser, deixe o esnobismo pra lá. Sirva-se do português nosso de todos os dias: Reduzir a pobreza e respeitar os direitos humanos são condições indispensáveis para o desenvolvimento sustentável do país.

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