Segunda-feira, 21 de Abril de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 20 de novembro de 2022
Eleito presidente o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com 80% dos votos da instituição, Ilan Goldfajn, se tornou o brasileiro a presidir a instituição, que financia projetos de desenvolvimento no continente. Segundo ele, suas prioridades, como combate à pobreza, desenvolvimento e ações contra o aquecimento global, estão alinhadas às prioridades do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Confira a entrevista a seguir:
Após um ruído – quando o ex-ministro Guido Mantega, então na equipe de transição do petista, chegou a tentar adiar a escolha do presidente da instituição pelos próximos cinco anos, sem sucesso -, a não objeção do novo presidente do Brasil foi fundamental para que Ilan fosse eleito em primeiro turno.
Como o senhor viu sua eleição em primeiro turno para presidente do BID?
Tive o apoio de países que contam com 80% do poder de voto (da instituição), quase 30 países (dos 48 que integram o banco, incluindo dólares europeus e asiáticos) votando a favor do meu nome, e foi no primeiro turno, enfrentando outros quatro candidatos. Isso mostrou um apoio importante na candidatura, de vários tipos de países. Tivemos votando a favor Canadá, Estados Unidos, e países como Colômbia, Peru, todo o Mercosul, países caribenhos, América Central, foi muito importante.
Quais suas prioridades?
Eu acho que o banco tem que retomar seu papel, como instituição mais importante da América Latina. Tem que ser um lugar em que todos olhem e digam é o local que eu preciso ir para ter uma expertise, um conhecimento técnico quando precisar, essa é a instituição que vai financiar as minhas necessidades, quando tivermos uma visão para a região, é o BID que tem que liderar e projetar essa visão no mundo. De liderança mesmo. E os funcionários vendo isso vão voltar a ter orgulho da instituição, ficar motivados e ter esperança, essa é a visão que eu tenho pro BID.
Como o BID pode ajudar no desafio ambiental?
Essa é uma das minhas prioridades, o financiamento climático. Hoje já existem umas métricas de que ao menos 30% do financiamento tem que ir para projetos com a temática ESG (sigla em inglês para compromisso ambientais, sociais e de governança). Há várias formas de você ajudar o combate ao aquecimento global. De um lado há as metas dos países em reduções de emissões de gases, onde você tem que reduzir o uso de carbono e isso pode ser feito de forma responsável ao longo do tempo. Quando você financia, você leva em consideração estas questões. Segundo, você também tem que financiar e olhar os países que estão sendo afetados pelos desastres ambientais, como furacões e enchentes, desastres naturais que estão cada vez mais frequentes. O BID tem que ajudar na reconstrução destes lugares e tem ajudar estes países, que precisam se adaptar, para ficarem cada vez mais resilientes a estes desastres.
A combinação de financiar a redução do uso do carbono, de forma responsável em cada país com sua velocidade, e do outro lado ajudar os países a lidar com o aquecimento global. E finalmente, vindo do Brasil, a gente tem que falar da Amazônia. A gente tem que ajudar a manutenção da biodiversidade, financiando projetos que preservam a floresta, trazendo a questão da Amazônia para a agenda.
Como o senhor vê a relação com o futuro governo brasileiro?
A minha relação será de total harmonia. Será um prazer trabalhar com o governo eleito, nós vemos a nossa pauta, as nossas prioridades, muito alinhadas com a agenda do novo governo, então vejo muito natural este trabalho para frente. Hoje, eleito presidente do BID, vou trabalhar com todos os países da América Latina. e vou trabalhar com todos os países que foram eleitos, e o governo do Brasil não será uma exceção. Vamos trabalhar com harmonia, conjuntamente, em uma pauta que tem muitas similaridades.
Não há sentimento ruim, pela tentativa de alguns em boicotar o seu nome?
Não houve nenhuma objeção a meu nome, todo mundo que eu falei no Brasil me deu apoio, então essa percepção internacional foi aceita, e o apoio foi geral da região, de todos os países da América Latina, de Equador à Venezuela, do Panamá à Guatemala, do Haiti a Argentina, Colômbia, Peru, Uruguai, Paraguai. Foi uma votação expressiva que me dá um mandato muito importante para a frente.
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