Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 17 de setembro de 2023
O pai de Heloísa dos Santos Silva, a menina de 3 anos que morreu neste sábado (16) após ser baleada em 7 de setembro por um policial rodoviário federal no Rio de Janeiro, disse que não foi abordado pelos agentes em nenhum momento e que os agentes já chegaram atirando quando parava no acostamento.
Em depoimento à polícia, Willian de Souza disse que passou por um posto da PRF pelo Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense, mas que não houve abordagem. No entanto, percebeu que foi seguida a curta distância por uma viatura da corporação.
Por isso, ele teria, espontaneamente, acionado a seta do veículo e iniciado manobras em direção ao acostamento. No entanto, quando estava quase parando o carro, os policiais teriam começado uma série de disparos que atingiram Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos.
A reação do pai teria sido sair do veículo rapidamente para “os policiais verem que se tratava de uma família”. Além deles, estavam no carro também a irmã da menina, de 8 anos, e uma tia.
“Eu coloquei a mão para o alto, saiu todo mundo, só a minha menorzinha que ficou dentro do carro. Aí foi a hora que eu entrei em choque, em desespero”, disse Willian.
Os tiros foram feitos de fuzis 5.56, consideradas armas de grosso calibre. A menina Heloísa ficou gravemente ferida na cabeça.
Ela foi levada em uma viatura da PRF ao Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde ficou internada até morrer neste sábado. A direção do hospital informou que a criança deu entrada no local com sangramento no couro cabeludo, sendo sedada e entubada em seguida. Após avaliação, ela passou por procedimento cirúrgico.
Mais tiros
O Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro suspeita que mais tiros podem ter sido disparados pelos agentes da PRF na ação que terminou com a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos. Por isso, solicitou que uma nova perícia seja feita, agora pela Polícia Federal.
Fabiano Menacho Ferreira, autor dos disparos, afirmou que atirou três vezes contra o carro da família da vítima. Um deles atingiu a cabeça da menina.
“Pelas fotografias tiradas pelos agentes, mostram mais tiros do que consta no laudo da Polícia Civil. Nós precisamos saber exatamente a posição, a trajetória das balas”, afirmou o coordenador do Núcleo Externo da Atividade Policial do MPF-RJ, procurador da República Eduardo Benones.
Benones acha necessário que novas perícias sejam feitas no carro e nas armas dos agentes, não só nos fuzis. Mas, nas pistolas também.
Prisão preventiva
Os agentes tiveram a prisão preventiva pedida pelo MPF. A Justiça não havia decidido sobre a prisão até a noite de sábado.
Os policiais afirmaram que atiraram no veículo porque verificaram que era roubado e que teriam ouvido um tiro. A família nega que qualquer tiro tenha sido dado e afirma que não sabia que o carro que tinham comprado era roubado.
“Tem um agravante: ainda que o veículo seja um veículo roubado ou furtado, quando você toma uma atitude dessa, o que você fez no balanço dos valores foi valorizar mais a propriedade que é o carro do que a vida humana. Isto é muito grave”, diz Benones.
No Ar: Pampa Na Tarde