Quinta-feira, 28 de Março de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 4 de fevereiro de 2022
Mesmo após o avanço da vacinação e o maior conhecimento da ciência acerca da covid-19, a pandemia ainda tem impacto significativo em profissionais de saúde do país. Uma pesquisa realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Associação Paulista de Medicina (APM) revela que 87,3% dos médicos da linha de frente no atendimento a vítimas do Sars-Cov-2 afirmam que eles ou seus colegas contraíram o vírus nos últimos dois meses.
O levantamento mostra que a maioria dos médicos se diz esgotada (51,1%) e apreensiva (51,6%), além de reconhecer que seus colegas de profissão também estão estressados (62,4%) e sobrecarregados (64,2%).
Para o médico José Amaral, presidente da APM, junto ao cansaço e a exaustão também está a sensação de que os profissionais da saúde estão apenas “enxugando gelo” ao verem os números de infecções e mortes voltarem a subir.
No evento, Amaral também ressaltou o medo do surgimento de novas variantes, apontado na pesquisa por cerca de 90% dos participantes. “Não há nenhuma razão para acreditarmos que essa seja a última variante [a ômicron], também não há nenhuma razão para supormos que as próximas variantes serão menos agressivas do que a ômicron”, alertou.
Hoje, 96,1% dos que atendem em locais que recebem pacientes com covid-19 observam tendência de alta no número de casos em algum grau, de acordo com a pesquisa. Em relação aos óbitos, a tendência de crescimento é apontada por 40,5% dos profissionais.
A falta de médicos também causa preocupação em 44,8% dos que responderam ao questionário. Em uma pesquisa da AMB e da APM feita no início de 2021, esse índice era de 32,5%. O afastamento de médicos por conta da covid sobrecarrega e também faz com que os profissionais da saúde se sintam menos seguros.
“A única maneira que eu vejo para que os profissionais trabalhem de maneira mais segura, com menos danos à saúde física e emocional, é reduzindo o número de casos”, pontuou o presidente da AMB, César Fernandes. Para ele, a falta de clareza do Ministério da Saúde em assegurar a eficácia dos imunizantes e incentivar que a população se vacine e continue seguindo protocolos de segurança tem a maior culpa no cenário atual.
Na percepção dos médicos, sete em cada dez brasileiros não estão usando máscara corretamente. E os entrevistados concordam que a disseminação de notícias falsas foi um fator muito prejudicial na luta contra o vírus.
A pesquisa foi realizada online entre os dias 21 e 31 de janeiro e contou com a participação de 3.517 médicos em todo o Brasil. Os dados completos estão disponíveis nos sites da AMB e da APM.
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