Terça-feira, 16 de Abril de 2024

Home Brasil Pix ainda não consegue abalar reinado dos boletos

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Os boletos figuram na lista dos maiores temores dos responsáveis pelas contas das famílias. Apesar de tirar o sono de tantos, ele vai bem e não sente o avanço do Pix, que revolucionou o setor de meios de pagamento, de bancos e finanças. De acordo com dados do Banco Central (BC), os pagamentos feitos por boleto ou convênio (uma espécie de boleto emitido por companhias de água, luz e internet) continuaram no patamar de 2,2 bilhões por trimestre, o mesmo verificado antes de novembro de 2020, quando o Pix foi lançado.

Nas contas de luz, de água e no pagamento no varejo, o boleto ainda se mantém como a opção escolhida por milhões de brasileiros mesmo depois do lançamento do Pix, que permitiu pagamentos instantâneos para todo mundo com uma conta em banco.

Pesquisadora do Instituto Propague, Bruna Cataldo ressalta que essa resiliência do boleto pode ser explicada pela natureza do mercado de meios de pagamento. Segundo a economista, o consumidor vê o Pix como uma opção, não algo que vai sobrepor outros meios, até por conta da comodidade e do hábito.

— A pessoa já está acostumada a todo dia 5 pagar seu boleto, há uma resistência à mudança. Não é nem que não aconteça, mas o hábito do consumidor é uma coisa bastante relevante em qualquer transação financeira, principalmente quando já é muito fácil, como o boleto — contou.

O boleto é útil para pagamentos recorrentes como água e luz porque permite a configuração de juros, desconto e multa. O Pix Cobrança, solução do Banco Central para atender essa demanda, ainda não foi adotado massivamente pelo mercado.
No Rio de Janeiro, entre as empresas de luz e água que já oferecem o pagamento por Pix estão a Neoenergia, CPFL e a Águas do Rio, mas o código de barras ainda é a opção preferida. O diretor institucional da Águas do Rio, Anselmo Leal, aponta que o pagamento por código de barras representa 44% do 1,2 milhão de contas emitidas todo mês. Por sua vez, o Pix é usado em apenas 1,5% dos pagamentos.

Leal explica que essa preferência acontece porque no caixa eletrônico é possível programar o pagamento do boleto para o dia do vencimento, enquanto no Pix o dinheiro sairia da conta na mesma hora.

Boleto no comércio

No varejo, a história é um pouco diferente. Apesar de manter um patamar considerável, o número de boletos, excluindo os convênios, caiu no final do ano passado. De 361,4 milhões em novembro do ano passado, passou para 263,1 milhões em janeiro e subiu novamente para 311 milhões em março.

De acordo com Daniel Davanço, head de pagamento para empresas do Mercado Pago, o Pix foi bem adotado pelo comércio online por trazer algumas vantagens para o vendedor e o consumidor, principalmente pela instantaneidade da compensação.
Com o Pix, a espera média de 2 dias para compensação de um boleto deixa de atrapalhar o lojista, que precisava reservar o produto, e permite que a entrega seja mais rápida.

— Quando a gente olha de lá pra cá (antes do Pix), esses 25% das vendas online que eram boleto hoje é de 10% e o Pix ganhou entre 25% e 30%. Hoje a cada 3 Pix que são finalizados existe um boleto — afirmou.

Em adição, o Pix diminui as desistências de compra. Davanço conta que 50% dos boletos emitidos acabavam não sendo pagos. Já no Pix, o número é em torno de 25%, mas ainda há um caminho de desenvolvimento para melhorar a experiência do usuário.

Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, que tem como associadas empresas como Amazon, FastShop e Marisa, aponta que o Pix ainda deve crescer mais fortemente no varejo. Ele relata que a ferramenta ainda enfrenta barreiras de implementação da tecnologia.

— Para que haja um processo de recebimento de pagamento por Pix integrado num checkout de supermercado, e loja, há de se buscar uma série de integrações. A previsão é que isso escale nos próximos dois, três anos e que o Pix ainda ganhe mais penetração sobre boletos daqui pra frente —relata.

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