Segunda-feira, 24 de Março de 2025

Home Política Presidente do Senado “coloca o pé em duas canoas”, faz aliança com Lula, mas mantém acenos aos bolsonaristas

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Há poucos dias no comando do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) já traçou uma estratégia de sobrevivência: trabalhar desde já por sua reeleição à presidência da Casa de Salão Azul, daqui a dois anos. Para conquistar esse objetivo, “Ghost”, como é conhecido por colegas, permanece com um pé em cada canoa. Ao mesmo tempo que afaga o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, faz acenos aos bolsonaristas.

Mas por que senadores chamam Alcolumbre de “Ghost”, se de fantasma ele não tem nada? “É porque, quando menos se espera, Davi aparece e depois some. Está em todos os locais”, afirmou o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), que é seu amigo de longa data.

Há quem diga, nos bastidores, que a alcunha vem dos tempos do orçamento secreto, administrado por Alcolumbre desde o governo Jair Bolsonaro, quando ele presidiu o Senado pela primeira vez.

Por enquanto, Alcolumbre dá sinais de que está em lua de mel com o presidente da República. Na última terça (11), ele compareceu a um encontro promovido pelo governo com novos prefeitos e prefeitas, em Brasília, fazendo coração com as mãos para a plateia. Sentado ao lado de Lula, parecia aquele amigo de fé, irmão, camarada: cochichou várias vezes no ouvido do petista, fez piada e até lhe deu um tapinha na perna. Os dois não paravam de rir.

“Vamos deixar as divergências de lado”, anunciou Alcolumbre ao fim do encontro. “Estamos abertos ao diálogo e ao entendimento com o governo. Quero me colocar como esse interlocutor”, prosseguiu ele, ao pregar que intervenções ideológicas ficassem fora daquelas reuniões. À noite, Alcolumbre promoveu um encontro de senadores com o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, a fim de discutir o impasse do marco temporal para demarcação das terras indígenas.

Emendas

Não é de hoje, no entanto, que o novo comandante do Senado tem avisado ao STF e ao Planalto que o Congresso não abrirá mão do controle das emendas parlamentares. E, nesse jogo, está em sintonia com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). “Todo mundo sabe que ele [Alcolumbre] opera atendendo os senadores. É o estilo dele, que, querendo ou não, cativa”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ao Estadão/Broadcast.

O problema é que, com o Centrão dando as cartas, a queda de braço ameaça provocar mais uma crise entre Congresso, STF e Planalto. Não foi à toa que a PEC do Semipresidencialismo, feita sob medida para alargar os poderes do Congresso, acabou ressuscitada como instrumento de pressão.

Chegaram à Câmara e ao Senado, ainda, informações de que uma nova leva de diligências da Polícia Federal sobre desvios de recursos das emendas parlamentares atingirá mais congressistas.

Enquanto isso, nada anda no Congresso, que ainda precisa votar a lei orçamentária de 2025 e parece estar à espera da reforma ministerial. Alcolumbre, por sinal, foi o avalista das indicações do União Brasil para os ministérios de Comunicações, Integração e Turismo na primeira metade do governo.

Apesar do momento “paz e amor” com Lula, o presidente do Senado está numa encruzilhada política. Não sem motivo: precisará do apoio de aliados de Bolsonaro para ser reconduzido ao comando da Casa, em fevereiro de 2027. A interlocutores, Alcolumbre observou que, com a renovação de 54 dos 81 senadores nas eleições de 2026, bolsonaristas têm chance de ganhar mais cadeiras e obter maioria. Se esse cenário se confirmar, como ele prevê, o pragmatismo falará mais alto e mais acenos à direita serão feitos. (Vera Rosa/Estadão Conteúdo)

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