Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024

Home em foco PT confirma apoio a Guilherme Boulos e afaga aliados pelo País. Pela primeira vez, o partido do presidente Lula abrirá mão de disputar a prefeitura da capital paulista

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Em uma decisão histórica, o PT confirma o apoio ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) na disputa à prefeitura de São Paulo em 2024. Esta será a primeira vez que o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrirá mão de lançar um candidato próprio na capital paulista, que já foi governada por três petistas: Luiza Erundina (1989-93), Marta Suplicy (2001-04) e Fernando Haddad (2013-16). A estratégia de abdicar da cabeça de chapa se repete em outras capitais, como Rio e Recife, cidades em que a legenda deve compor com os atuais prefeitos, Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB), respectivamente.

O PT também cogita não ter candidatura própria em Salvador. O partido nunca venceu a eleição à prefeitura da capital baiana, mesmo nos momentos em que Lula alcançou seus maiores índices de popularidade. Por lá, os nomes no jogo são o do presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), José Trindade (PSB), e do vice-governador Geraldo Júnior (MDB). Em Belo Horizonte, lideranças não descartam apoiar a reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD).

De acordo com o senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT, em 2024 o partido vai priorizar a cabeça de chapa em cidades com mais de cem mil eleitores e onde há nomes competitivos.

A opção por abrir mão do protagonismo em cidades de grande porte ocorre após uma campanha frustrada em 2020, quando o PT terminou sem ter conseguido eleger um único prefeito nas 26 capitais.

“Apoiar Boulos tem coerência com a estratégia que deu certo na eleição de Lula, de construir uma frente ampla para derrotar o bolsonarismo”, afirma Laércio Ribeiro, presidente do diretório da capital paulista do PT.

Divergências internas

A aliança do PT com Boulos foi construída ainda no ano passado. Na ocasião, o psolista retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo para apoiar Fernando Haddad na eleição estadual. Em troca, a sigla de Lula prometeu apoio ao deputado do PSOL em 2024, mas exigiu a indicação da vice. A favorita ao posto é Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde e mulher de Haddad, atual ministro da Fazenda. No ano passado, ele perdeu a corrida o governo paulista para Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno e foi compensado com a cadeira na Esplanada.

O evento para selar o apoio a Boulos deve baixar a temperatura de divergências interna. Uma ala do PT ligada ao secretário nacional de Comunicação da sigla, Jilmar Tatto, defendem publicamente uma candidatura própria da sigla: “Vamos apoiar o Boulos. Teve um acordo, né? Mesmo eu considerando um erro. Um acordo que foi feito à revelia da militância, da base. Mas teve, fazer o quê?”

Tatto pede que Boulos intensifique conversas com a chapa de vereadores do PT para convencê-los a se engajar em sua campanha. Há uma preocupação dos vereadores em não conseguir manter a atual bancada de oito eleitos — a maior da Câmara Municipal ao lado do PSDB. Tatto defende que o deputado do PSOL aja como um “petista” na hora de defender o partido de eventuais detratores, e quer um nome do PT “raiz” para a vice.

“Boulos vai ter que defender os governos da Erundina, da Marta, do Haddad. Ele não pode mais aparecer em outro vídeo com o Datena xingando o PT e ficar quieto. Estamos numa fase de namoro, que pode dar casamento ou divórcio”, afirma Tatto, fazendo referência a um vídeo supostamente vazado em que o apresentador incentiva Boulos a “peitar o PT” para tê-lo como vice no ano que vem.

A vereadora do PT Luna Zarattini, minimiza o eventual prejuízo da decisão histórica. Ela diz que seu partido não perde força na cidade ao abrir mão da candidatura, já que o objetivo maior é “derrotar o bolsonarismo”.

“Não é puro adesismo ao que o Boulo vai dizer. O PT não vai aderir sem propor. O programa de governo vai ter contribuição do PT e do PSOL”, afirma ela.

Um dos desafios do líder sem-teto, segundo lideranças do PT, será atrair eleitores de centro, já que os adversários vão associá-lo ao radicalismo. Outro será enfrentar adversários que também terão em seus palanques integrantes do governo Lula. A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) deve somar o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) pode contar com Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento.

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