Terça-feira, 12 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de agosto de 2025
Nos últimos anos, cresce a demanda por cirurgias corretivas em pacientes que realizaram rinoplastias há bastante tempo, especialmente nos anos 2000, quando o ideal era afinar o nariz ao máximo. Esse fenômeno, chamado de “rinoplastia de arrependimento” ou rinoplastia secundária, reflete uma mudança de paradigma estético e funcional. A valorização da identidade facial, a atenção à função respiratória e o abandono do chamado “nariz de celebridade” estão entre os principais motivos para essa procura.
A rinoplastia é um procedimento que exige alta precisão para alcançar resultados naturais e preservar a harmonia do rosto. Clínicas especializadas relatam aumento no número de pacientes que buscam reparar procedimentos antigos, seja por insatisfação com o resultado estético, seja por complicações funcionais decorrentes de técnicas ultrapassadas.
“É uma cirurgia que envolve a reversão, reparo ou reconstrução parcial de narizes previamente operados. De acordo com a American Society of Plastic Surgeons (ASPS), até 15% dos pacientes submetidos à rinoplastia retornam para uma nova intervenção. No Brasil, não há estatísticas oficiais, mas percebemos que uma geração que operou nos anos 2000, buscando afinar ao máximo, muitas vezes comprometeu estrutura e função nasal. Hoje, essas pessoas voltam com queixas estéticas e respiratórias”, explica o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
O Brasil é líder mundial em rinoplastias, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Estima-se que cerca de 20% das cirurgias faciais realizadas no país sejam corretivas. A obstrução nasal causada pela retirada exagerada de cartilagem é um dos principais motivos que levam ao retorno ao centro cirúrgico.
“Isso compromete as válvulas nasais, responsáveis pela entrada de ar, levando a roncos, dificuldade para respirar e até distúrbios do sono. Em alguns casos, é preciso usar enxertos de cartilagem retirados do próprio corpo, geralmente da costela ou da orelha, o que torna a cirurgia mais complexa. Além de refazer o nariz, precisamos reestruturá-lo com base em critérios funcionais e no equilíbrio facial. É uma cirurgia muito mais desafiadora que a primeira”, afirma Rubez.
Durante anos, a mídia e as redes sociais difundiram o modelo do nariz extremamente fino e pontudo, inspirado em celebridades. “Essa busca por um padrão universal gerou distorções estéticas e funcionais. Hoje, com a tendência de resultados naturais e respeito à etnia do paciente, muitos tentam reverter esse visual. Também vemos mais complicações causadas por procedimentos realizados por profissionais não médicos”, alerta o especialista.
A cirurgiã plástica Heloise Manfrim, também integrante da SBCP, destaca que “a rinoplastia é uma das poucas cirurgias que exige avaliação minuciosa e uma estratégia para conscientizar o paciente sobre o procedimento”.
O assunto ganhou visibilidade com influenciadores e artistas que relataram arrependimento por cirurgias mal indicadas ou mal executadas. “Esse movimento acompanha a ascensão de uma estética mais natural, que valoriza a autenticidade e a diversidade étnica dos traços. A rinoplastia contemporânea busca preservar as características individuais e evitar mascarar a identidade do paciente”, pontua Rubez.
Entre as técnicas modernas, a rinoplastia ultrassônica se destaca. “Ela permite remodelar as estruturas ósseas e cartilaginosas com maior precisão, menor trauma e mais previsibilidade estética e funcional. Hoje a cirurgia busca integração com o rosto, e não imposição de um padrão. A beleza está na harmonia e naturalidade”, reforça o médico.
Embora o risco de insatisfação estética tenha diminuído, ainda existem pacientes que buscam resultados artificialmente exagerados. “Cada vez mais os cirurgiões optam por naturalidade no resultado. Não é sobre criar um nariz de boneca, mas sobre atingir um aspecto que poucas pessoas percebam como fruto de cirurgia”, afirma Heloise.
Para evitar frustrações, Rubez recomenda cautela na escolha do profissional. “O mais importante é consultar um cirurgião plástico experiente, capaz de avaliar as possibilidades de reparo e orientar o paciente para expectativas realistas.”
(Com O Globo)
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