Quarta-feira, 14 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de maio de 2022
A decisão do presidente Jair Bolsonaro de retirar o ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, do cargo pegou representantes do setor elétrico de surpresa na manhã desta quarta-feira (11). Para o lugar o presidente escolheu o economista Adolfo Sachsida, até então assessor especial do ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia.
Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), disse que a saída de Albuquerque “surpreendeu a todo mundo”. Ele relatou que ainda na terça-feira (10) conversou com a secretária-executiva da pasta, Marisete Pereira, e não viu nenhuma sinalização nesse sentido.
“Acho que foi algo intempestivo do presidente Jair Bolsonaro, deve ter tomado a decisão ontem e procedeu a ação ontem, vamos sentar com o novo ministro e conversar”, disse.
Ferreira ressaltou que cabe ao presidente essa decisão e que é da “política”. Segundo ele, Sachsida é um nome conhecido pelo setor e deve seguir fazendo um trabalho na linha do seu antecessor na área de “modernização” do setor elétrico.
“Nesse aspecto em especial, da modernização, da reforma econômica que o setor elétrico precisa sofrer, eu não vejo nenhuma alteração. Acho até que o perfil liberal do ministro Adolfo e do envolvimento dele no novo marco legal do gás dá um sinal de que ele tem uma visão pró-mercado”, disse o presidente da Abraceel.
Ferreira participou de um evento da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo em defesa do Marco Legal do Setor Elétrico no Senado na manhã desta quarta. Junto com ele, estavam parlamentares, representantes do setor elétrico e o secretário de Energia Elétrica do MME, Christiano Vieira da Silva, que não quis falar com a imprensa sobre a saída do ministro.
Victor Ioca, diretor de energia elétrica da Associação dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livre (Abrace), também participou do evento. Ele relatou que ficou sabendo da saída do ministro durante o painel e que não havia nada mapeado nesse sentido.
“Olhamos o currículo dele agora, parece uma pessoa tecnicamente muito bem preparada, é uma pessoa que tem uma visão econômica muito boa, é um excelente técnico”, disse.
Ala militar
A saída de Albuquerque da pasta não foi motivo de lamento da ala militar do governo. Apesar de ser um almirante de esquadra, o agora ex-ministro nunca foi considerado parte do núcleo duro de Bolsonaro composto por membros das Forças Armadas, com generais como Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos, Braga Netto e o almirante Flávio Rocha.
A demissão do ministro acontece em meio à alta de combustíveis e de tarifas de energia, fatores de peso negativo na campanha de reeleição de Bolsonaro.
A avaliação do grupo militar do Palácio é que Albuquerque nunca fez questão de defender pautas caras ao presidente e que sempre teve uma atuação voltada para sua área. Como exemplo, apontam que o ex-ministro de Minas e Energia não colocou a segurança das eleições em xeque, como faz Bolsonaro, ou se manifestou pró-governo em momentos de crise entre os poderes.
Outro fator que afastava Albuquerque da ala militar do Planalto é que ele é integrante da Marinha, enquanto os demais ministros são generais do Exército.
Um dos responsáveis por indicar o nome de Bento Albuquerque a Bolsonaro durante a transição de governo foi o hoje ministro da Secretaria de Governo, Célio Faria Junior. Célio conheceu o almirante quando integrou a assessoria de relações institucionais da Marinha do Brasil.
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