Sábado, 04 de Maio de 2024

Home Geral Tensão no Caribe: Exército da Venezuela é 36 vezes maior que o da Guiana

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É impossível esquecer que a Guiana vive uma disputa territorial com a Venezuela quando se está em Georgetown. Outdoors e adesivos colados em automóveis exibem mensagens sobre o Essequibo. A TV estatal põe uma tarja entre um programa e outro com a frase “O Essequibo somos nós” e transmite reprises de declarações sobre o tema feitas pelo presidente do país, Mohamed Irfaan Ali.

Nada é mais urgente que a defesa da região. Desde o plebiscito na Venezuela, que aprovou a anexação, a ideia de perder o Essequibo ganhou contornos dramáticos entre os guianenses. “Essa não é apenas uma declaração de guerra contra a Guiana, mas uma guerra real. O que podemos fazer?”, disse Ravi Dev, político que defende a instalação de uma base americana na região, ideia que começou a ser discutida recentemente.

A questão vem ganhando força na Guiana ante os riscos de uma invasão. O país tem apenas 3,4 mil soldados, dos quais metade estão em funções de segurança pública e enfrentaria, um Exército 36 vezes menor que o da Venezuela. O serviço militar guianense também é inferior ao venezuelano, de oito meses em comparação com os dois anos do país vizinho.

Diante da disputa, o governo da Guiana se aproximou dos EUA, em 2015, para reduzir sua vulnerabilidade, quando o petróleo foi descoberto no Essequibo. Nos primeiros anos, os americanos ajudaram em projetos de defesa. A relação se aprofundou no ano passado com a assinatura de um acordo de cooperação militar.

A aliança inclui exercícios conjuntos, que os EUA realizam com diversas nações. Na semana passada, o anúncio de uma manobra aérea no Essequibo foi vista como um sinal da disposição dos americanos em defender a Guiana.

A aproximação reascendeu a discussão sobre a instalação de mais uma base militar americana na América do Sul, a primeira na Guiana. Alguns políticos guianenses, como Dev, e parte dos cidadãos apoiam a ideia.

Outros discordam e consideram a presença militar americana como uma ameaça à soberania do país. “A presença de uma base militar estrangeira na Guiana serviria como o resgate de uma era que chegou ao fim, quando nações poderosas procuravam exercer controle sobre as pequenas”, escreveu um colunista do jornal guianense Kaieteur News, identificado como Peeping Tom.

Quando perguntado sobre o plano, o presidente Ali diz não afastar a presença americana. “Faremos o que for necessário para defender o nosso país”, declarou ele na última semana em mais de uma entrevista para jornais estrangeiros. Ele também garante que dará continuidade às cooperações militares para “defender a soberania do país”.

Na quinta-feira, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Guiana se encontraram em São Vicente e Granadinas, e fecharam um acordo no qual descartam o uso da força na disputa. “Guiana e Venezuela concordaram que direta ou indiretamente não se ameaçarão”, indicou a declaração conjunta lida por Ralph Gonsalves, premiê de São Vicente e Granadinas.

O tema militar se tornou ainda mais sensível após a queda de um helicóptero com cinco soldados que sobrevoavam o Essequibo na semana passada, causada pelo mau tempo. Desde então, o governo tem prestado uma série de homenagens às vítimas, consideradas heróis nacionais, e às famílias. “Não eram apenas militares. Eram guardiões de nossa soberania e defensores de nossos valores”, declarou em rede nacional Randy Persand, um assessor do presidente.

Os funerais foram transmitidos pela TV estatal e noticiados nos jornais. Uma estrada inaugurada na semana passada ganhou o nome de “Rodovia dos Heróis”. Nas ruas da capital, a queda do helicóptero é tratada como uma fatalidade que expôs o que a Guiana pode sofrer em uma guerra. “Não queremos guerra, porque sabemos que somos um país pobre e pequeno que teria muitas dificuldades”, disse Shawn Lynch, um guianense de 38 anos, garçom em um restaurante da capital.

Para ele, as ações de Maduro são para distrair os venezuelanos de problemas do país, mas têm potencial para atingir os guianenses porque revivem uma disputa que estava havia décadas esquecida. “Quando não tínhamos nada, ninguém tocava nesse assunto”, afirmou. “Agora que estamos crescendo, querem tomar o que temos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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