Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Home em foco Três perguntas definem quantas doses da vacina contra a covid tomaremos no futuro

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O rápido espalhamento da variante ômicron mundo afora levantou duas questões importantes: será que precisaremos de vacinas atualizadas para lidar com essa ou com as novas versões do coronavírus que podem surgir nos próximos meses? E, se isso for realmente necessário, será que todo mundo deverá tomar novas doses a cada ano?

Por ora, a ciência parece ter mais dúvidas do que certezas a respeito desses pontos. Não existe definição sobre se a vacinação contra a covid-19 será anual ou se as três doses oferecidas atualmente para boa parte da população serão suficientes para conferir uma proteção forte e duradoura.

A experiência com outras doenças mostra que os dois caminhos são possíveis. Temos vacinas que precisam ser aplicadas poucas vezes na vida, caso daquelas que protegem contra febre amarela ou sarampo, e outras que requerem reaplicações periódicas, como os produtos que resguardam contra a gripe (doses anuais) ou contra o tétano (uma dose a cada dez anos).

Para saber melhor o futuro da vacinação contra a covid-19, especialistas avaliam que é preciso ter respostas claras para cinco perguntas básicas:

1) Quanto tempo dura a imunidade após a terceira dose?

Numa entrevista recente, o imunologista Anthony Fauci, líder da resposta à pandemia nos Estados Unidos, apresentou algumas sugestões do que pode acontecer.

“Penso que após a primeira, a segunda, a terceira e, quem sabe, a quarta dose, é provável que tenhamos um nível de proteção que pode transformar a covid num quadro leve, ou sem sintomas. E aí o coronavírus ficará cada vez mais próximo de outros causadores do resfriado comum”, projeta.

O médico José Cassio de Moraes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, aponta algumas incertezas sobre esse cenário futuro. “Nós ainda não temos um correlato de proteção, ou seja, qual é a quantidade de anticorpos que precisamos para não pegarmos a covid.”

“Precisamos observar os próximos meses, para conferir se essa diferença de proteção que vemos hoje entre vacinados e não vacinados diminui ou se ela se mantém com o passar do tempo” complementa o especialista, que também representa a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

2) As vacinas disponíveis continuam a funcionar contra as novas variantes?

As vacinas até perdem um pouco de efetividade diante da ômicron, mas continuam a evitar hospitalizações e mortes. Porém, nada garante que o mesmo vá acontecer com as próximas variantes.

Os cientistas esperam que novas versões do coronavírus surjam ao longo dos próximos meses. Durante o processo de replicação nas células, o patógeno sofre mutações aleatórias a todo momento. Boa parte dessas alterações genéticas não dá em nada, mas há uma parcela delas que resulta em melhorias (ao menos do ponto de vista do vírus) na capacidade de transmissão, de escape imunológico ou de agressividade.

Nada garante, portanto, que as novas linhagens consigam driblar ainda melhor a proteção obtida com as vacinas atuais e levem a um novo aumento nos casos, nas internações e nas mortes por covid.

3) Qual a capacidade das farmacêuticas e dos governos de atualizar, testar, aprovar, fabricar e distribuir as novas vacinas?

Vale lembrar que as tentativas de atualizar as vacinas estão em curso. Recentemente, representantes das farmacêuticas Pfizer e Moderna disseram que desenvolvem novas versões de seus produtos para barrar a ômicron. A expectativa é que os resultados dos testes sejam divulgados no próximo mês de março.

O problema é que, até lá, a atual onda de casos, hospitalizações e mortes já deve ter arrefecido em boa parte do planeta. Será que faz sentido então criar um produto específico contra essa variante?

Em tese, a atualização das vacinas de mRNA (como as de Pfizer e Moderna) nem é tão complicada assim: basta trocar a sequência genética, de modo que ela fique mais parecida à espícula da ômicron. Esse processo pode ser feito no laboratório em poucos dias.

O que demora mesmo é a próxima etapa: avaliar as novas versões dos imunizantes.

O processo de criação, aprovação e produção de vacinas atualizadas pode levar cerca de seis meses.

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