Segunda-feira, 10 de Fevereiro de 2025

Home em foco Três semanas após as eleições, a base bolsonarista segue com sua mira voltada para o ministro Alexandre de Moares, sem priorizar a oposição a Lula

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Quase três semanas após a proclamação do resultado das eleições presidenciais, a base bolsonarista segue com sua mira voltada no WhatsApp para a Justiça Eleitoral e, especialmente, para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, sem priorizar a oposição ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É o que aponta um monitoramento feito a partir de dados da empresa de tecnologia Palver, que acompanha mais de 15 mil grupos públicos no aplicativo de troca de mensagens.

Os números mostram que as citações a termos associados ao ministro Alexandre Moraes nos grupos públicos subiram, em média, 90% desde 31 de outubro, após o segundo turno das eleições. Já as referências a Lula e a Bolsonaro registraram queda de 38% e 64%, respectivamente, no mesmo período.

Segundo os dados da Palver, as mensagens sobre Moraes já atingem patamares próximos aos de Lula e Bolsonaro. No dia 14, por exemplo, foram 909 citações ao presidente do TSE, ante 1,2 mil ao petista e 505 ao atual presidente. Chama atenção o fato de haver uma concentração das publicações sobre Moraes em estados mais bolsonaristas, como Goiás e São Paulo. O pico ocorreu em 7 de novembro, com 971 citações a cada 100 mil mensagens.

A recente viagem de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aos Estados Unidos para um evento do Grupo Lide (Líderes Empresariais), entidade fundada pelo ex-governador de São Paulo João Doria, foi tema de boa parte dos conteúdos que circularam no WhatsApp recentemente. Durante a estadia em Nova York, ministros da Corte foram hostilizados por bolsonaristas.

Sem direção

No WhatsApp, as referências a Lula voltaram a subir no dia 15, em meio à viagem do presidente eleito ao Egito para a COP27, mas seguem abaixo do observado durante a campanha. Já as menções a Bolsonaro têm tendência maior de queda num momento em que o candidato derrotado no pleito presidencial reduziu suas publicações nas redes.

Diretor de estratégia da Palver, Luis Fakhouri avalia que a base bolsonarista tem dificuldade de fazer uma abordagem crítica sobre Lula do ponto de vista das políticas públicas, um dos focos do novo governo durante a transição. Os apoiadores do atual presidente se engajam mais, avalia Fakhouri, quando há discussão de valores, o que ficou mais evidente no episódio da viagem de Lula ao Egito em um jato de um empresário:

“Ainda não sabemos qual é a força do bolsonarismo na oposição, se vai ter capacidade pautar o debate. Lula não tem perfil de radicalizar no discurso, método usado por Bolsonaro para aumentar o engajamento, o que pode dificultar a abordagem, por exemplo, sobre políticas públicas”, analisa o diretor da Palver.

Segundo ele, o foco segue sendo Alexandre de Moraes, “principalmente, pelas decisões na tentativa de limitar a atuação de bolsonaristas mais radicais. Sem o direcionamento de Bolsonaro, que está quieto nas redes, a base se volta para o ministro, porque já sabe previamente que ele é considerado um inimigo”.

Ataques ao pleito

Um levantamento feito pelos pesquisadores Djiovanni Marioto, do grupo de pesquisa em participação e comunicação política em democracia digital da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Alexsander Dugno Chiodi, do Núcleo de Pesquisa sobre a América Latina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aponta que os ataques à integridade do pleito seguem em alta no Facebook, Twitter e YouTube. Ao todo, foram contabilizadas, somente na última semana, 1,2 milhão de referências ao assunto, considerando comentários em postagens, respostas e retuítes.

“Há constante construção de respostas para conseguir manter a crença nos ataques à integridade eleitoral. Os bolsonaristas também interpretam o silêncio de Bolsonaro como se fosse um incentivo para manter as mobilizações. O foco está em demonstrar o quanto todo mundo está contra Bolsonaro, que o presidente é antissistema. Os inimigos principais colocados a longo prazo são o TSE e o STF”, conclui Marioto.

 

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