Terça-feira, 11 de Fevereiro de 2025

Home Brasil Violência contra mulher: juiz é denunciado por agredir e humilhar a esposa em São Paulo

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O Ministério Público de São Paulo (MPSP) acusou o juiz Valmir Maurici Júnior formalmente de dois crimes e de uma contravenção penal. Ele aparece em vídeos agredindo e humilhando a própria esposa. A acusação de estupro feita pela mulher contra o juiz foi arquivada pelo órgão.

O caso foi revelado em março deste ano. As imagens mostram as agressões, ocorridas na casa em que os dois moravam, em Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo. Nos vídeos, o juiz dá um tapa na cabeça da esposa. Em outro, ele dá empurrões, chute e a xinga, e ela cai no chão. Ambos foram gravados com um celular da vítima, segundo ela, em outubro de 2022. Em um terceiro vídeo, de abril do ano passado, aparentemente gravado pelo próprio juiz, ele a submete a uma relação sexual. Segundo ela, não consentida por não ter tido opção de escolha.

A vítima e Maurici Júnior se casaram em 2021. A mulher, de 30 anos, diz que saiu de casa em 23 de novembro. A violência começou depois dos seis primeiros meses de relação, segundo a defesa dela. Em janeiro deste ano, ela obteve medida protetiva na Justiça, com base na lei Maria da Penha, que proíbe o juiz de se aproximar e de manter contato com a mulher e com pais e familiares dela. Na mesma decisão, Maurici Júnior, 42 anos, também foi obrigado a entregar a arma a que tem direito por ser magistrado.

Maurici Júnior está afastado provisoriamente das funções por decisões do Tribunal de Justiça (TJ) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desde abril. O TJ mantém procedimento administrativo contra o juiz.A mulher o acusou de violência física, sexual e psicológica. O MPSP denunciou o juiz ao TJ pelas seguintes infrações:

Violência psicológica (uma vez), crime com pena prevista de seis meses a dois anos de prisão, mais multa;
Filmagem sem consentimento (duas vezes), crime com pena prevista de seis meses a um ano de detenção, mais multa;
Vias de fato (três vezes), contravenção penal que estipula de 15 dias a três meses de detenção, ou multa.

No entendimento do Ministério Público paulista, não houve provas suficientes para acusar o juiz por estupro, crime com pena que vai de seis a dez anos de reclusão. O órgão avaliou que as imagens disponíveis não evidenciam o crime de estupro, embora apontem não haver nenhuma indicação de que a vítima tenha mentido.

O MPSP concluiu que o juiz promoveu dano emocional à esposa, submeteu a mulher a ameaças constantes, humilhação e manipulação. O órgão pediu autorização ao TJ para abrir novos procedimentos para apurar o conteúdo exibido nos vídeos que estavam com o juiz.

A denúncia (acusação formal), assinada pelo procurador-geral de Justiça Mário Sarrubbo, foi oferecida à Justiça em 30 de outubro. O procedimento está no Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, órgão responsável por casos do tipo, de acordo com a Lei Orgânica da Magistratura. Cabe ao Órgão Especial do TJ decidir se aceita a denúncia — nesse caso, o juiz passa a ser réu. Com base nas penas previstas no Código Penal, o juiz não ficará preso, mesmo se condenado nos crimes de que é acusado.

 

 

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