Sábado, 18 de Maio de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de abril de 2022
Comer menos e fazer mais exercícios. Essa seria uma fórmula simples para combater a obesidade. Mas especialistas alertam que está enganado quem pensa que a obesidade está ligada apenas à falta de exercício e a uma alimentação desregulada. Obesidade é uma doença multifatorial, não o resultado de um simples desleixo.
Relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2021, apontou que mais de um quinto (22%) da população adulta está obesa no Brasil. Entre os mais novos (5 a 19 anos), o índice é de 10,8%.
“Seria simples associar a obesidade à alimentação e exercício físico, mas existe uma complexidade maior. A humanidade foi selecionada para armazenar energia, guardar essa energia para períodos de restrição, quando não tivesse acesso à comida. Em virtude disso, temos uma vulnerabilidade biológica”, explica a endocrinologista Maria Edna de Melo, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Segundo Maria Edna, a regulação do nosso apetite é feita basicamente no sistema nervoso central. “Essas regiões que regulam fome, saciedade e gasto energético são mais primitivas. Por isso é tão difícil a gente resistir a alguns alimentos, principalmente os que são hiperpalatáveis – com alta quantidade de açúcar, gordura ou sal”, completa.
Os fatores
A obesidade é uma doença multifatorial, com estilo de vida e fatores genéticos que influenciam a composição corporal. Falta de exercício físico, hábitos alimentares pouco saudáveis, sono insuficiente e estresse podem aumentar o Índice de Massa Corpórea (IMC). Baixo status socioeconômico, ambientes insalubres e fácil acesso a alimentos não saudáveis também são fatores que devem ser levados em conta.
A obesidade pode ter uma predisposição tanto genética quanto biológica. “Quanto mais grave a obesidade na família, maior a herança genética relacionada à obesidade. Mas a pessoa também pode ir adquirindo ao longo da vida. A partir do momento que comemos mal, começamos a acumular gordura. Neste caso, podemos criar a predisposição biológica”, explica Maria Edna.
Alterações nos níveis de leptina e grelina também podem colaborar com a obesidade. Eles são hormônios importantes para regular o apetite. Quando não estão com o funcionamento regulado, a pessoa pode sentir mais fome que o normal.
Privação do sono
Diversos estudos mostram que existe uma relação direta entra a privação do sono com o aumento de peso e obesidade.
“Estes fatores aumentam a fome, diminuem o gasto energético e aumentam a ingestão de alimentos com alta densidade energética, resultando no ganho de peso. Assim, indivíduos com o sono desregulado acabam entrando em um ciclo vicioso, no qual ficarão cada vez mais cansados e com menor disposição para os exercícios físicos”, alerta a SBEM.
Estresse
O estresse também pode estar ligado à obesidade. Maria Edna de Melo explica que o estresse eleva o cortisol, um hormônio que tem ação na regulação do apetite.
“Quando ele eleva, pode estimular o desejo por alimentos que tragam alguma sensação de prazer e bem-estar, como aqueles que são mais gordurosos e açucarados”, diz.
Aspectos sociais
O ambiente também pode influenciar na nossa alimentação. Baixo status socioeconômico, ambientes insalubres e fácil acesso a alimentos não saudáveis são fatores que podem estar ligados à obesidade.
A endocrinologista traz como exemplo o excesso de trabalho. “Às vezes trabalhar muito pode atrapalhar o planejamento alimentar. Além disso, também sobra menos tempo para atividade física e mais tempo para o sedentarismo”.
A disponibilidade de alimentos calóricos também contribui para a obesidade. “A pessoa vai ao supermercado e vê produtos ultraprocessados, com baixo custo, que vai matar a fome da família toda e ninguém vai reclamar. Somos induzidos a buscar por esse tipo de alimento. Com as nossas características biológicas é difícil resistir”, alerta Maria Edna.
No Ar: Pampa Na Tarde