Segunda-feira, 20 de Maio de 2024

Home Saúde Covid longa causa declínio cognitivo de até 6 pontos de QI

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A covid longa pode levar a um declínio cognitivo mensurável, especialmente na capacidade de lembrar, raciocinar e planejar, segundo um novo estudo abrangente.

Testes cognitivos em quase 113 mil pessoas na Inglaterra descobriram que aqueles com sintomas persistentes pós-covid pontuaram o equivalente a 6 pontos de QI mais baixos do que pessoas que nunca foram infectadas pelo coronavírus, de acordo com a pesquisa, publicada no The New England Journal of Medicine.

Pessoas que foram infectadas e não apresentavam mais sintomas também pontuaram menos do que pessoas que nunca foram infectadas, o equivalente a 3 pontos de QI, mesmo que tenham ficado doentes por um curto período.

Os especialistas em neurologia alertam que os resultados não implicam que ser infectado pelo coronavírus ou desenvolver covid longa cause déficits profundos no pensamento e na função. Mas afirmam que as descobertas são importantes porque fornecem evidências numéricas para a névoa cerebral, problemas de foco e memória que afligem muitas pessoas com as sequelas do vírus.

“Essas descobertas emergentes e coalescentes geralmente destacam que sim, há comprometimento cognitivo em sobreviventes da Covid longa ‘é um fenômeno real’”, conta o neuropsicólogo do Centro Médico Vanderbilt, que não participou do estudo, James C. Jackson.

O novo estudo também encontrou motivos para otimismo, sugerindo que se os sintomas diminuírem, o comprometimento cognitivo relacionado também pode diminuir: Pessoas que tiveram sintomas da condição por meses e eventualmente se recuperaram, atingiram pontuações cognitivas semelhantes àquelas que tiveram uma recuperação rápida.

Em uma escala de QI típica, pessoas que pontuam entre 85 e 115 são consideradas de inteligência média. A variação padrão é de cerca de 15 pontos, então uma mudança de 3 pontos geralmente não é considerada significativa e uma mudança de até 6 pontos pode não ser importante, disseram os especialistas.

O estudo, liderado por pesquisadores do Imperial College London, envolveu 112.964 adultos que completaram uma avaliação cognitiva nos últimos cinco meses de 2022. Cerca de 46 mil deles, ou 41%, disseram que nunca tiveram covid. Outras 46 mil pessoas que foram infectadas pelo coronavírus disseram que sua doença durou menos de quatro semanas.

Aproximadamente 3.200 pessoas tiveram sintomas pós-covid que duraram de quatro a 12 semanas após a infecção, e cerca de 3.900 pessoas tiveram sintomas por mais de 12 semanas, incluindo alguns que duraram um ano ou mais. Destes, 2.580 pessoas ainda estavam com sintomas pós-covid no momento em que fizeram o teste cognitivo.

A grande maioria dos participantes era branca, e mais da metade do sexo feminino.

O teste, desenvolvido pelos pesquisadores e usado em estudos anteriores com pacientes com lesões cerebrais, covid e outras condições, consistia em oito tarefas projetadas para avaliar habilidades como planejamento espacial, raciocínio verbal e definições de palavras, juntamente com vários aspectos da memória.

O autor sênior do estudo, Paul Elliott, epidemiologista e especialista em saúde pública, disse que a avaliação, chamada Cognitron, tem sido consistente com outras escalas cognitivas.

As pontuações mais baixas foram geralmente vistas em pessoas que tiveram infecções no início da pandemia, antes que vacinas e tratamentos antivirais estivessem disponíveis. Pessoas que foram vacinadas tiveram um desempenho um pouco melhor do que aquelas que não foram. Pessoas que foram infectadas mais de uma vez pontuaram apenas ligeiramente mais baixo do que aquelas que foram infectadas uma única vez.

A maioria dos participantes do estudo, incluindo aqueles que desenvolveram long covid, não havia sido hospitalizada por sua infecção, o que significa que tiveram uma doença gerenciável ou leve durante essa fase inicial. Ainda assim, como em outros estudos, os resultados foram piores para pessoas que foram hospitalizadas. Os 228 participantes do estudo que passaram tempo em unidades de terapia intensiva pontuaram o equivalente a 9 pontos de QI mais baixos do que pessoas que não foram infectadas.

Um sinal encorajador do estudo foi que a névoa cerebral e outros problemas cognitivos do vírus não precisam ser permanentes. O Professor Elliott diz que — alguém que teve sintomas persistentes que se resolveram, mesmo que tenha durado mais de um ano — apresentou pontuações nos testes que — pareciam com as de pessoas que tiveram uma doença de curta duração — complementa.

Elliott disse que os participantes que ainda estavam lutando com os sintomas da covid longa, como a névoa cerebral, exibiam dificuldades nos testes de habilidades executivas como planejamento e foco, e tinham problemas “formando novas memórias, ao invés de esquecer” as existentes.

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