Sábado, 27 de Julho de 2024

Home em foco Deputados afirmam que Trump sabia ter perdido eleição, mas continuou acusando fraude

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Naquela que pode ter sido a última reunião pública da comissão da Câmara que investiga o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, os deputados aprovaram uma intimação para que o ex-presidente Donald Trump preste depoimento, em uma das principais decisões tomadas em mais de um ano de trabalho parlamentar.

Antes da convocação, os deputados apontaram Trump como “a causa central” da invasão que deixou sete mortos e levou a mais de 800 processos contra apoiadores do republicano, em uma reunião que serviu para, de certa forma, consolidar o que foi investigado até agora.

“Nada poderia ter acontecido sem ele. Ele estava pessoal e substancialmente envolvido em tudo isso”, disse a republicana Liz Cheney, rival de Trump. “As vastas evidências apresentadas até agora mostraram que a causa central do [ataque de] 6 de janeiro foi um homem, Donald Trump, seguido por muitos outros posteriormente.”

Desde o início dos trabalhos da comissão independente, que opera apenas na Câmara, hoje dominada pelos democratas, foram analisados milhares de documentos, relatórios de segurança, e ouvidas dezenas de testemunhas — de forma privada ou diante das câmeras em sete sessões, a última delas em julho.

Como destacou Cheney, as informações permitiram aos deputados estabelecer um histórico das semanas entre a eleição de novembro de 2020, vencida por Biden, mas apontada como “fraudulenta” pelo ex-presidente, até o ataque que tinha como objetivo impedir que o democrata fosse oficializado como vencedor pelo Senado.

Segundo os deputados, Trump sabia que não havia sinais claros de que teria ocorrido uma fraude ampla em Estados onde ele foi derrotado, como Geórgia e Arizona: mesmo assessores de campanha diziam que era hora de reconhecer a derrota.

“Pouco tempo depois da eleição, a equipe de Trump reconheceu que eles perderam e informaram isso a Trump. Mesmo antes de as emissoras projetarem sua derrota, suas chances de vencer a disputa eram quase inexistentes, e ele sabia disso”, afirmou o republicano Adam Kinzinger, outro desafeto do ex-presidente.

A comissão apresentou depoimentos de funcionários da campanha, integrantes do alto escalão — incluindo do chefe do Estado-Maior Conjunto, Mike Miley — e assessores da Casa Branca confirmando que Trump reconheceu, em mais de uma ocasião, ter perdido para Biden nas urnas.

Mas em vez de iniciar a transição de poder, Trump seguiu pelo caminho da contestação, e os deputados afirmaram que o presidente não tinha qualquer intenção de deixar o poder.

“As provas mostram que seu discurso falso de vitória foi planejado de forma antecipada, mesmo antes da contagem dos votos”, disse a deputada democrata Zoe Lofgren, referindo-se ao discurso em que Trump declarou vitória, na noite de 4 de novembro, quando as cédulas ainda eram contadas.

Planejamento 

Para comprovar essa tese, a comissão apresentou testemunhos de funcionários do governo, como o conselheiro legal do vice-presidente Mike Pence, Greg Jacob, que afirmou, no dia 3 de novembro, notar sinais de que Trump já planejava a declaração de vitória.

Um e-mail do advogado conservador Tom Fitton, enviado dias antes a conselheiros de Trump, trazia o rascunho de um discurso que poderia ser feito pelo ex-presidente. Bill Stepien, então chefe da campanha, alertou que era cedo demais para fazer tal declaração, mas foi ignorado.

Nas semanas seguintes, Trump, amparado por aliados como o advogado e ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, tentou convencer e inflamar seus apoiadores para que acreditassem na falsa teoria de que havia sido prejudicado por uma “fraude sem precedentes”. A derrota em uma ação na Suprema Corte contra os resultados em estados onde Joe Biden venceu, em dezembro, o deixou enfurecido e contribuiu para sua radicalização.

“O presidente estava com raiva da decisão da Suprema Corte”, afirmou, em depoimento gravado, Cassidy Hutchinson, ex-assessora do chefe de Gabinete, Mark Meadows. “O presidente disse algo como ‘não quero que as pessoas saibam que perdemos, é embaraçoso’.”

Trump, apontou a comissão, partiu para ações mais ousadas, como pressionar o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, para que “encontrasse” os votos que revertessem a vantagem de Biden no Estado. Ele também tentou, sem sucesso, convencer Assembleias de Estados com maioria republicana para que fraudassem as listas de eleitores no Colégio Eleitoral. Por fim, queria que o vice-presidente Mike Pence, responsável pela sessão no Senado que confirmaria a vitória de Biden, atuasse a seu favor — Pence se recusou, e passou a ser ameaçado por aliados do presidente.

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