Quarta-feira, 05 de Novembro de 2025

Home Economia Entenda o que a crise da FTX diz sobre o futuro das criptomoedas

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A situação reacendeu o debate sobre a necessidade de regulação para o setor a fim de evitar novos casos de insolvência. No entanto, os especialistas acreditam que a regulação podem retirar a atratividade do mercado de criptoativos. Os preços das principais criptomoedas seguem em um movimento intenso de desvalorização desde a crise financeira da FTX, terceira maior exchange do mercado. Embora o problema não tenha relação com os fundamentos dos ativos digitais, o caso de insolvência da corretora instalou um clima de pessimismo para todo o mercado de criptoativos. Mas essa não foi a única consequência. A situação reacendeu os debates sobre a necessidade de um marco regulatório para o setor e até mesmo sobre a “expectativa de vida” das criptomoedas no mercado financeiro.

Ao analisar os recentes movimentos do setor, Paul Krugman, economista norte-americano e vencedor do Nobel de economia em 2008, fez duras críticas sobre a sustentabilidade das criptomoedas no sistema financeiro. Na avaliação do especialista, em artigo publicado no jornal The New York Times, as moedas digitais sofrem o risco de não sobreviver até uma regulação.

A linha de raciocínio de Krugman segue baseada nas premissas que tornaram os ativos populares: oferecer um sistema financeiro descentralizado. No entanto, desde a crise de 2008, quando ganharam relevância, até hoje, surgiram no mercado empresas, como a FTX, para intermediar as negociações de criptoativos. A atuação das exchanges, na avaliação dele, segue semelhante às instituições financeiras tradicionais para a realização das transações cotidianas e depende da confiança dos investidores para a permanência das suas atividades.

“Em outras palavras, o ecossistema cripto basicamente evoluiu para se tornar exatamente aquilo que deveria substituir: um sistema financeiro de intermediários cuja capacidade de operar depende da percepção de confiabilidade que eles detêm”, diz Krugman em artigo. “Já que é assim, qual o sentido disso? Por que uma indústria que, na melhor das hipóteses, simplesmente repetiu o sistema bancário convencional tem qualquer valor fundamental?”, questiona o especialista.

No entanto, se o governo estabelecer uma regulação que possa limitar a atuação das corretoras de criptomoedas a fim de evitar fraudes financeiras, semelhantes ao da FTX, as vantagens desses novos players do mercado em relação aos bancos tradicionais podem reduzir no mercado. “Mesmo se o valor do bitcoin não chegar a zero (o que ainda pode ocorrer), há um argumento forte sustentando que a indústria cripto, que voou tão alto poucos meses atrás, está fadada ao esquecimento”, afirma Krugman.

A análise apocalíptica do economista para os ativos digitais divide opiniões dentro do mercado. Alguns argumentam que um dos pilares que sustentam os elevados preços das criptomoedas são a possibilidade de altas rentabilidades e ausência de regulação. Por causa disso, o surgimento de regras pode trazer um efeito negativo na rentabilidade dessa classe de ativos.

“O que tem fundamentos questionáveis e onde podemos ver se temos fundamentos econômicos ou não é na criptomoeda (na sua emissão e nos direitos que são atrelados à criptomoeda) e não na plataforma de blockchain”, diz João Manoel de Lima Júnior, professor da Fundação Getúlio Vargas do curso de Direito do Rio de Janeiro.

Segundo ele, com a tecnologia blockchain as pessoas têm a possibilidade de criar ativos digitais que podem ter preços baseados no mercado em especulações dos investidores. “A moeda precisa exercer na economia três funções: unidade de compra, instrumento de pagamento e reserva de valor. As criptomoedas têm dificuldade de exercer essas três funções”, afirma.

Isac Costa, professor de pós-graduação em Direito do IBMEC, também concorda com alguns aspectos apontados por Krugman. De acordo com ele, o desafio das criptomoedas com os recentes casos de crises financeiras está em conseguir definir um preço que possa corresponder ao seu real valor de mercado. “O fato é que muita gente ainda se interessa por criptomoedas porque não querem inovação. Querem o mesmo que o sistema financeiro oferece, mas sem pagar impostos. Essa é a crítica do Krugman. Se o setor for regulado, no lugar de causar a desintermediação, vamos ter a intermediação”, diz Costa.

Desta forma, as consequências da regulação podem causar impactos no preço dos ativos e afastar o interesse dos investidores. Por esse motivo, o grande desafio do mercado será descobrir qual o valor de mercado das criptomoedas. “A referência que temos é o preço, mas esse indicador está suscetível às especulações do mercado. Se esse caráter especulativo diminuir, o mercado ainda será “sexy” para os investidores?”, acrescenta.

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