Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Home em foco Estados Unidos voltam a impulsionar resultados da JBS/Friboi

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Os Estados Unidos provaram, mais uma vez, por que a JBS depende cada vez menos
do Brasil – em tempos de custos galopantes e embargo chinês, não é uma má notícia
para os acionistas. Maior empresa privada do país, com faturamento anual de quase
R$ 330 bilhões, a companhia dos irmãos Batista registrou um dos melhores
resultados da história no terceiro trimestre.

Puxada pela forte demanda americana por carne bovina, a JBS lucrou R$ 7,6 bilhões no período, mais que o dobro do resultado do terceiro trimestre do ano passado, quando a companhia teve um lucro de R$ 3,1 bilhões. Na mesma base de comparação, a receita líquida aumentou 32,2%, atingindo R$ 92,6 bilhões. Atualmente, o Brasil responde por 25% do faturamento da empresa.

“Às vezes, a gente não se dá conta do tamanho”, afirmou o CEO global da JBS, Gilberto
Tomazoni, em entrevista ao Valor. Os números superlativos ainda não consideram
aquisições feitas recentemente, sobretudo no exterior, que vão agregar US$ 2 bilhões
em vendas anuais ao grupo.

No trimestre, a operação americana de carne bovina foi o principal destaque. A unidade JBS USA Beef (que também contempla as operações no Canadá e na Austrália,
onde a seca ainda afeta a rentabilidade), triplicou o lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização (Ebitda), que somou R$ 8,4 bilhões, ou 60% do Ebitda
consolidado. A margem Ebitda da divisão pulou mais de dez pontos, para 21,8%, um
novo recorde.

Considerando todos os negócios, o Ebitda da JBS chegou a R$ 13,9 bilhões no trimestre, aumento de 74,2%. A margem do grupo cresceu 3,6%, de 11,4% para 15%.

No Brasil – onde ficam as divisões Seara e Friboi -, os negócios mostraram mais uma vez o peso dos custos (grãos e boi gordo). No trimestre, o Ebitda da Seara caiu 10,2%,
para R$ 984 milhões. Com isso, a margem Ebitda do negócio de frango, suínos e alimentos processados registrou uma contração de 5,5 pontos, para 10,2%. Na Friboi, a
margem Ebitda recuou 1,4 pontos, a 6,1%. Nesse caso, o embargo chinês – anunciado
no fim do trimestre – ainda não teve efeito, e provavelmente derrubará o resultado do
negócio brasileiro de carne bovina no quarto trimestre

Tomazoni disse que o embargo chinês tem um efeito significativo sobre a Friboi, já que
o país responde por 50% da exportação, ou um quarto da receita da divisão. Sem destino para a carne que iria à China, a JBS reduziu abates no Brasil. Porém, a divisão é só uma fração do grupo – 15%.

Financeiramente, os acionistas talvez não tenham muito do que reclamar. Diante do
momento favorável nos EUA e da forte geração de caixa – foram mais de R$ 7 bilhões
em caixa livre no terceiro trimestre -, o conselho da JBS aprovou a distribuição de mais
R$ 2,4 bilhões em dividendos (R$ 1 por ação). Como o grupo já havia pago R$ 5 bilhões em proventos em 2021, o dividend yield fica em 8%. Ao contabilizar as recompras de ações, de R$ 7 bilhões até outubro, o retorno ao acionista já chegou a 15%, destacou o CFO da companhia, Guilherme Cavalcanti.

Ratings

Além de remunerar o acionista, a JBS vem conseguindo fazer aquisições e, ao mesmo
tempo, melhorar as métricas de crédito, cortando despesas financeiras. Recentemente,
o grupo obteve o rating de grau de investimento Moody’ s. Com duas agências de risco
avaliando a JBS assim – a Fitch já havia conferido o selo anteriormente -, Cavalcanti já
nota uma redução potencial do custo de dívida da companhia, o que poderá ser
conseguido com a recompra de bonds em 2022.

Antes do grau de investimento a Moody’s, a JBS calculava que poderia economizar mais US$ 150 milhões em despesas anuais. Com o selo, o mercado secundário de bonds sinaliza essa economia pode chegar mais de US$ 200 milhões – metade disso poderá ser apropriado no ano que vem, de acordo com o CFO.

Nesse cenário de despesas financeiras menores, a JBS vem reduzindo o índice de alavancagem. O indicador passou de 1,61 vez em junho para 1,52 vezes em setembro. Em dólares, saiu de 1,73 vez para 1,49 vez.

No horizonte, a JBS reiterou os planos de listar os negócios em uma bolsa nos Estados
Unidos. “Se nada mudar no horizonte, nós vamos estar listados nos EUA em 2022”,
ressaltou Tomazoni.

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