Domingo, 05 de Maio de 2024

Home Economia Indefinição sobre a queda dos juros nos Estados Unidos e dúvidas sobre rigor fiscal do governo mexem na expectativa para as aplicações de dinheiro

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As mudanças de perspectiva para o início da queda dos juros nos Estados Unidos, as tensões no Oriente Médio e o aumento das incertezas em relação ao quadro macroeconômico interno, especialmente depois das mudanças nas metas fiscais do governo, levaram a um movimento de revisão das projeções para o desempenho do mercado acionário. E muito diferentes dos cenários traçados no final de 2023, quando boa parte das estimativas de alta para o Ibovespa tinham como premissas um ambiente fiscal controlado, o início dos cortes de juros nos EUA em março e projeções de 9% para a Selic no fim de 2024.

Agora, até mesmo a duração do ciclo de queda da Selic está em xeque – com dólar com mais de 4% de alta este mês e os juros americanos travados, alguns bancos já veem o BC com pouco espaço para manter os cortes de 0,50 ponto porcentual no segundo semestre. É o caso do Itaú BBA, um dos primeiros a recalcular a rota: e elevou a projeção da Selic para o final de 2024 de 9,25% para 9,75% ao ano. “Um cenário global mais desafiador, com desinflação mais lenta, adiamento e redução do orçamento dos cortes de juros em economias desenvolvidas e incertezas domésticas (com maior pressão em preços de serviços mais sensíveis ao desempenho do mercado de trabalho) limitarão de forma mais intensa os cortes de juros”, diz o Itaú BBA.

Mario Mesquita, economista-chefe do banco, explica na nota que o novo adiamento do início do ciclo de corte de juros nos EUA pressiona a moeda brasileira. Por isso, o banco aumentou a projeção para o dólar de R$ 4,90 para R$ 5,00 ao final deste ano, e de R$ 5,10 para R$ 5,20 em 2025.

Com as incertezas em relação ao futuro das taxas de juros nos EUA e no Brasil, as projeções para o Ibovespa também foram revistas. E para longe das estimativas do final de 2023, quando alguns bancos projetavam que o índice de referência da Bolsa brasileira encerraria 2024 entre 140 mil ou 150 mil pontos.

Pessimismo

Uma pesquisa feita pelo Bank of America com gestores de fundos da América Latina, divulgada na última semana, mostra que o otimismo diminuiu muito: em março, 36% dos entrevistados viam o Ibovespa acima dos 140 mil pontos em dezembro; agora, a parcela de gestores otimistas encolheu a 28%.

Isso não significa, contudo, que as estimativas positivas para as ações brasileiras saíram totalmente do radar. O entendimento geral é de que os fundamentos microeconômicos ainda são bons, a Bolsa segue sendo negociada abaixo de múltiplos históricos e pode se beneficiar da volta do apetite a risco de investidores estrangeiros quando o ciclo de queda de juros nos EUA finalmente começar.

“Uma maior clareza em relação à política monetária americana pode ser um gatilho para termos uma performance mais positiva da Bolsa. Um corte de juros por lá pode levar os investidores a buscarem outros mercados e o Brasil está bem posicionado para receber”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno.

O ponto chave para a performance da Bolsa aqui continuará sendo os juros nos EUA. “Não temos certeza se o Fed vai mesmo cortar os juros em setembro. Por enquanto, a alta parece adiada para o quarto trimestre. Mas se não tiver corte de juros lá fora, a Bolsa deve andar de lado. Essa festa virou enterro”, diz Flávio Conde, da Levante Ideias de Investimento.

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