Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 12 de outubro de 2023
Apesar de ser uma doença desconhecida pela maioria das pessoas, o lipedema é uma enfermidade que acomete entre 9% e 10% das mulheres adultas do País, o que soma cerca de 5 milhões de brasileiras. Conhecido também como síndrome da gordura dolorosa, o lipedema é uma doença crônica caracterizada por depósitos de gordura desproporcionais pelo corpo.
O lipedema acomete os membros, em especial as pernas, e é bilateral, ou seja, atinge os dois lados ao mesmo tempo, causando inchaço e furinhos. Por isso, o problema muitas vezes é confundido com obesidade e celulite. Além de ser bastante incômodo na questão estética, ele ainda provoca muito desconforto.
Apesar de não ser uma doença nova – ela foi descrita pela primeira vez na renomada Clínica Mayo, localizada nos Estados Unidos, em 1940 – ainda há muita desinformação sobre ela. “Até mesmo muitos profissionais de saúde não têm informações sobre o lipedema”, lamenta o cirurgião plástico Fabio Kamamoto, pioneiro no seu tratamento e diretor do Instituto Lipedema Brasil, criado com o intuito de difundir informações sobre a doença.
A gordura do paciente com lipedema é diferente daquela que temos no nosso organismo. “Ela causa dor, peso, muita sensibilidade ao toque e o surgimento de hematomas espontâneos e, em casos mais avançados, o mal pode evoluir para limitação da mobilidade física e danos no sistema linfático”, explica o cirurgião vascular Sergio Belczak, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Quais as causas
Os especialistas ainda não sabem explicar exatamente o que causa o problema, mas já se sabe que há influência genética em 2/3 dos casos e que os hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona, são gatilhos para o seu desenvolvimento. Por essa razão, 90% dos casos acontecem em mulheres e surgem normalmente quando elas passam por alterações hormonais, como o uso de anticoncepcionais, gestação, tratamento de infertilidade e menopausa.
Além do prejuízo físico, o lipedema pode desencadear problemas emocionais e psiquiátricos. Isso porque a paciente normalmente não consegue ter resultados com atividade física e/ou dietas, o que costuma deixar muitas pessoas frustradas ao não ver mudanças mesmo com bons hábitos de saúde. “Mesmo as pacientes magras ou as que perderam muito peso mantêm o quadro de dor e deformação progressiva dos membros até o ponto de perder a capacidade de locomoção”, diz Kamamoto.
“De 5% a 20% das mulheres atendidas na nossa clínica já fizeram cirurgia bariátrica e apresentaram reduções de peso de até 40 quilos, mas mantiveram a gordura nas pernas e o quadro de dor e inflamação”, acrescenta. Além disso, explica o cirurgião plástico, a maioria sofre com distúrbios de imagem e insatisfação corporal. Todos esses fatores associados podem desencadear a anorexia, bulimia, depressão e crises de ansiedade.
Dificuldade no diagnóstico
Infelizmente, ainda não há um protocolo padrão para o diagnóstico da doença e nem exames específicos para a sua detecção. Por isso, é muito importante que seja feita uma avaliação por um médico especialista no assunto que vai analisar o histórico familiar da paciente, como o mal se desenvolveu e fazer um exame físico para averiguar se existem nódulos, hipersensibilidade e perda de elasticidade do tecido adiposo, fatores que indicam que o quadro não está ligado à obesidade.
Os especialistas dizem que a falta de protocolo e o desconhecimento do assunto por parte de muitos médicos atrapalham o fechamento do diagnóstico e o início do tratamento, o que é arriscado, pois o quadro não para de evoluir.
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