Terça-feira, 03 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 26 de janeiro de 2023
A lista de credores da Americanas pode não refletir a dívida da varejista e já foi questionada por dois bancos, Deutsche Bank e BV. Diante de inconsistências nos dados e da falta de informações ao longo das últimas semanas, bancos credores não descartam que a empresa tenha de fazer ajustes importantes. Nos bastidores, houve espanto com o nível de divergência das informações, que chegam a bilhões de reais.
Desde que informou ao mercado um rombo contábil de R$ 20 bilhões, no último dia 11, a Americanas deu poucas informações oficiais sobre o real estado de suas finanças. Na recuperação judicial, pediu proteção contra R$ 43 bilhões em dívidas, montante que caiu em cerca de R$ 2 bilhões na lista de credores apresentada à Justiça. Há pouca certeza de que o volume continuará igual.
Tentando entender
Segundo uma pessoa com conhecimento da situação, mas que preferiu não ser identificada, a empresa ainda trabalha para entender o tamanho das inconsistências em seu balanço. Certo é que se descobriu que o modelo de negócios que a Americanas apresentava ao mercado não era real e que, para parar em pé, a empresa terá de repensar toda sua estrutura.
Sérgio Rial, EX-CEO que deixou o cargo ao informar o mercado sobre as inconsistências nove dias após assumir a empresa, disse a investidores do BTG Pactual na semana passada que não podia afirmar que não haveria mais falhas. “Não estou na posição para afirmar que é fraude”, disse na ocasião.
Nos bastidores, os bancos afirmam que sim, foi fraude. Para o executivo de uma instituição credora, apesar dos processos, a varejista não trouxe outra informação estruturada, e os números estão mudando bastante. Com os cinco maiores bancos do País, a empresa teria uma dívida de R$ 13 bilhões.
Divergências
A Americanas apresentou em processos abertos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) números diferentes dos informados à Justiça. Na CVM o montante é de R$ 35 bilhões.
A principal diferença é a ausência do Deutsche Bank. O banco havia sido classificado como o maior credor da companhia na lista apresentada mais cedo ontem, com R$ 5,2 bilhões, mas depois esclareceu que não concedeu crédito à Americanas, apenas é agente fiduciário de títulos de dívida estrangeiros. No BV, a conta foi inflada em mais de R$ 3 bilhões com a contabilização indevida de debêntures da companhia distribuídas pelo banco, segundo pessoas a par da situação. O banco, na verdade, teria crédito a receber bem menor, de R$ 206 milhões. •
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