Sábado, 04 de Maio de 2024

Home em foco Mísseis poderosos, orçamentos bilionários e disparidade nos caças: o arsenal aéreo de Israel e Irã

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Menos de uma semana após o ataque de 300 drones e mísseis do Irã contra Israel, explosões foram ouvidas em território iraniano na noite de quinta-feira (18). O ataque, atribuído a Israel por um oficial americano ouvido pelo “New York Times”, atingiu uma base militar na cidade de Isfahan, que tem instalações nucleares, porém não causou grandes estragos.

Os dois países vivem em uma escalada de tensões sem precedentes desde que o consulado iraniano na Síria foi atacado, em 1 de abril, matando o chefe da Guarda Revolucionária, braço mais poderoso do Exército e após a Revolução de Islâmica de 1979 no Irã.

Como Israel e Irã não dividem fronteira, um eventual conflito aberto entre os países poderia acontecer pelo ar, com o uso de jatos, caças e outras aeronaves e o lançamento de mísseis. O bombardeio realizado pelo Irã no sábado (13) é um exemplo.

O professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard,Vitelio Brustolin, afirma que os arsenais aéreos de Israel e Irã tem algumas diferenças: enquanto Israel possui mais tecnologia, Irã tem uma quantidade maior de equipamentos.

Segundo Brustolin, os caças de Israel são melhores e mais novos que os do Irã. O país governado por Benjamin Netanyahu tem aeronaves de última geração importadas dos Estados Unidos, seu maior aliado. Em contrapartida, o Irã é o segundo país mais sancionado do mundo, atrás apenas da Rússia – que invadiu a Ucrânia em 2022 e está em guerra desde então.

Enquanto Israel tem caças de última geração, como o F-35, a frota do Irã é composta por jatos mais antigos ou obsoletos, de modelos F mais antigos e caças da União Soviética, nos modelos SU-22 e SU-24. A Força Aérea israelense tem 39 caças F-35 e foi o primeiro país do mundo a operar esse modelo, fabricado pelos EUA.

“Israel controla os céus do Oriente Médio desde a Guerra dos Seis Dias [conflito entre Israel e países árabes em 1967]. O país não tem profundidade territorial, então precisa ter uma estratégia em caso de ataque iminente, e a aviação é muito importante para isso”, afirmou Brustolin.

Entretanto, o Irã é uma potência militar no Oriente Médio: tem o segundo maior efetivo militar da região, com 610 mil militares na ativa, orçamento militar anual de US$ 44 bilhões (R$ 232,6 bilhões) em 2022, mísseis poderosos – como o Sejil e o Kheibar – e 13 vezes mais veículos de artilharia e lançadores de mísseis que Israel, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).

Veículos de artilharia, lançadores de mísseis, navios e jatos podem carregar e lançar os mísseis de que Israel e Irã dispõem, aumentando o alcance.

Ainda segundo o IISS, Israel tem um orçamento militar anual de US$ 19,4 bilhões (R$ 102,5 bilhões) em 2022 e efetivo de 169,5 mil militares na ativa e 465 mil reservistas. O Irã tem 350 mil reservistas.

Brustolin afirma que “não há nem comparação” entre os sistemas de defesa aéreo de Israel e Irã. As defesas israelenses são mais avançadas, com os sistemas Seta, Domo de Ferro e Viga de Ferro. Já as iranianas são compostas principalmente de sistemas S300, de médio e curto alcance.

Capacidade nuclear

O professor de Relações Internacionais da UFF acredita que o Irã não quer uma guerra aberta contra Israel porque o país governado por Benjamin Netanyahu tem cerca de 90 ogivas nucleares e tem os Estados Unidos como seu principal aliado.

As ogivas nucleares israelenses podem ser carregadas em mísseis modelo Jericho 2. Israel tem cerca de 24 desses mísseis, segundo a IISS. Outros meios de entrega, de acordo com a instituição, das ogivas são alguns caças F-15 e F-16, além de supostamente submarinos da classe Dolphin/Tanin.

Por outro lado, além dos jatos, o Irã produz drones de alta tecnologia, como o Shahed-136, utilizado no ataque a Israel, e o Mohajer 10, lançado em agosto de 2023, e que tem um alcance de 2.000 quilômetros e capacidade para viajar por 24 horas e carregar 300 quilos de explosivos.

Ainda segundo Brustolin, o Irã tem um programa nuclear avançado e pode estar próximo de ter uma bomba nuclear. Em março de 2023, a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU reportou que o país estava enriquecendo Urânio, principal matéria-prima de uma ogiva. O local bombardeado por Israel nesta quinta (18) foi próximo à base militar de Natanz, em Ishafan, que tem instalações nucleares.

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