Sexta-feira, 29 de Março de 2024

Home em foco O que explica um aumento mais lento no número de mortes do que de casos de Covid

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Estatísticas sobre o número de casos e de mortes, dados de hospitalização e de atendimento por sintomas respiratórios são peças essenciais para compor o cenário epidemiológico da pandemia de Covid-19.

Nos últimos dias, os boletins divulgados pelo Ministério da Saúde têm apresentado uma alta no número de novas infecções confirmadas no Brasil. No entanto, os dados sobre óbitos sobem mais lentamente, com média móvel em torno de 130 vítimas da doença por dia no País.

A discrepância entre o número de casos e de mortes pode ser facilmente observada ao acompanhar as médias móveis. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), entre 3 de janeiro e 13 de janeiro, a média móvel de casos foi de 8.400 para 61.141 — um crescimento de 627%. Já a média móvel de óbitos cresceu num ritmo inferior: foi de 96, em 3 de janeiro, para 129, em 13 de janeiro — uma taxa de 34% de crescimento.

Especialistas explicam que o descompasso entre os dois índices pode ter causas multifatoriais. Uma das hipóteses é o indício de que a variante Ômicron, que tem se espalhado rapidamente pelo País, está associada a quadros clínicos mais leves. Outro ponto relevante é o avanço da vacinação, alcançado especialmente no segundo semestre de 2021.

A exposição de grande parte da população à infecção natural pelo vírus, o que confere certa imunidade, também pode contribuir para que o número de mortes se mantenha estável.

Ainda assim, nas últimas 24 horas, houve um aumento de 44% no número de óbitos – o que indica que o número de mortes pode aumentar também, ainda que mais lentamente.

Álvaro Furtado, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP disse que isso ocorre à medida que se atravessa a explosão em casos leves, porque há uma quantidade relevante de pessoas que não foram vacinadas no Brasil — o País tem a cobertura de duas doses em 68% das pessoas.

“Esse aumento de [óbitos] ocorre porque temos pessoas não vacinadas que pegam a doença e evoluem para forma grave”.

Ele explica que, numericamente, quando há muitos casos notificados, como está acontecendo com a variante Ômicron, é esperado que se aumente o número de pessoas com quadro grave também e, eventualmente, o número de óbitos. “Matematicamente falando, com mais casos, mais chance de ter possibilidade de casos graves e ocasionalmente mortes”.

Impacto

A variante Ômicron do coronavírus foi identificada em novembro de 2021. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a compreensão atual da variante continua a evoluir à medida que mais dados se tornam disponíveis.

De acordo com a OMS, com o surgimento da variante Ômicron, houve diminuição da prevalência da variante Delta e o nível de circulação das cepas Alfa, Beta e Gama é muito baixo. Entre as 357.206 sequências disponibilizadas por cientistas no banco de dados internacional GISAID, a partir de amostras coletadas nos últimos 30 dias, 208.870 (58,5%) eram da Ômicron e 147.887 (41,4%) eram Delta.

O boletim epidemiológico divulgado pela OMS nesta semana afirma que a transmissão da variante Ômicron tem ocorrido mesmo entre vacinados ou pessoas com histórico de infecção prévia pela Covid-19. Além disso, há evidências crescentes de escape da resposta imunológica pela variante.

Na atualização, a OMS também afirma que há evidências científicas crescentes de que a variante está associada a quadros clínicos mais leves da Covid-19 em relação às outras linhagens do vírus. No entanto, a OMS reforça que os resultados encontrados são preliminares e podem não representar o perfil clínico geral da Ômicron.

A OMS alerta que o cenário epidemiológico pode mudar à medida que mais evidências estiverem disponíveis nas próximas semanas. “Como resultado disso, o risco geral relacionado à Ômicron permanece muito alto”, diz o documento.

“A Ômicron não atinge tanto a região do pulmão, fica mais focada nas vias aéreas superiores. Vemos que a maior parte dos quadros são leves, não precisam de internação. Por isso, não vemos os hospitais lotados por conta da Covid-19”, disse Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

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