Segunda-feira, 20 de Maio de 2024

Home Economia Prévia da inflação brasileira assusta em dezembro

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Na reta final de um ano marcado por surpresas positivas no processo de desaceleração dos preços no Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, deu um susto nos economistas em dezembro. O indicador não só subiu mais do que o esperado como também não possibilitou análises qualitativas muito boas. O movimento, dizem, acende uma luz amarela, mas não é suficiente para alterar a avaliação de que a desinflação está em curso e deve continuar, ainda que em ritmo mais brando, ao longo de 2024.

Após subir 0,33% em novembro, o IPCA-15 avançou 0,40% no mês seguinte, acima do teto de 0,35% entre as projeções colhidas pelo Valor Data – a mediana indicava alta de 0,26%. Em 12 meses, porém, o índice desacelerou de 4,84% em novembro para 4,72% em dezembro, por um efeito de composição.

O IPCA-15 aponta, assim, uma inflação abaixo das prévias de 5,9% em 2022 e de 10,42% em 2021. O índice também está dentro da banda de tolerância para a meta do ano, de 3,25% e até 4,75%.

O grupo “transportes”, que subiu 0,77% em dezembro, exerceu a principal pressão para cima, respondendo por 0,16 ponto percentual da alta do IPCA-15 do mês.

Passagens aéreas

Dentro do grupo, por sua vez, o principal aumento de preços veio de passagem aérea, que subiu 9,02% e teve o maior impacto individual na prévia de dezembro. “Passagem aérea é bastante volátil e tem trazido surpresas relevantes ao longo do ano”, diz Andréa Angelo, estrategista da Warren Investimentos, observando que as coletas de preços da casa indicavam deflação das passagens no mês.

Como os preços das passagens observados no IPCA-15 são, por metodologia, replicados no IPCA fechado, as projeções para a inflação cheia em dezembro migraram de um intervalo de 0,30% a 0,40% para algo entre 0,40% e 0,55%. Com isso, as previsões para o IPCA de 2023 também foram ajustadas para cima em cerca de 0,1 ponto percentual, entre 4,5% e 4,6%.

“A forte inflação registrada para passagem aérea ofuscou alguns detalhes favoráveis dessa divulgação, como na inflação de alimentação. O número não foi tão ruim igual a surpresa altista sugere”, diz Rafael Costa, analista da BGC Liquidez.

Alimentos e bebidas

A inflação do grupo “alimentação e bebidas” desacelerou de 0,82% no IPCA-15 de novembro para 0,54% em dezembro. A alimentação no domicílio passou de 1,06% para 0,55% entre os dois meses e fechou 2023 com queda de 0,82%, a primeira deflação anual desde 2017, quando recuou 5,18%.

“Mostra que o El Niño não pressiona acentuadamente o indicador por meio da redução da oferta de frutas, tubérculos e hortaliças”, diz a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.

Em termos qualitativos, a divulgação de dezembro não foi boa, reconhece Angelo. “Foi uma composição muito disseminada de notícias ruins em serviços. Acende uma luz amarela de cautela”, diz.

A média dos cinco núcleos monitorados pelo Banco Central teve leve alta, para 0,28% em dezembro, de 0,27% no mês anterior, segundo a MCM Consultores, mas ficou acima da expectativa de mercado de 0,23%, nota Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners.

Serviços

Do mesmo modo, de acordo com a MCM, os serviços subjacentes (mais ligados ao ciclo econômico) passaram de 0,21% para 0,39%, “o maior nível do segundo semestre” e também acima do 0,34% esperado pelo mercado, diz Leal.

“Nem a métrica que gostamos de analisar, por nos dar uma perspectiva de tendência, a média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada, ajudou a ‘salvar’ o IPCA-15 de dezembro”, afirma. Por essa medida, a média dos núcleos acelerou de 3,1% para 3,6%, e os serviços subjacentes foram de 4,0% para 4,1%, o segundo mês seguido de piora, de acordo com Leal.

Daniel Karp e Adriano Valladão, do Santander, ponderam que essa média móvel de três meses do IPCA-15 permanece em torno da meta, enquanto os serviços subjacentes oscilam um ponto percentual acima da meta nos últimos quatro meses. “O processo de desinflação continua, mas é um caminho acidentado”, afirmam.

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