Quinta-feira, 02 de Maio de 2024

Home em foco Saiba o que explica o preço salgado das camisas de time no Brasil

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Em casa ou no estádio, a vida de torcedor no futebol brasileiro segue um padrão: vestir sempre que possível o uniforme do seu time. Nas arquibancadas dos estádios do País e da América do Sul, prevalecem as cores e os bordados das equipes, um hábito mais forte do que nas grandes ligas europeias, por exemplo. Mas essa cultura vem se tornando mais cara ano a ano, com os preços das camisas chegando à faixa dos R$ 350 no lançamento.

Esse é o valor das recém-lançadas camisas de Flamengo (primeiro uniforme), Vasco (segundo) e Fluminense (terceiro), sucessos de público. Mas não se limita a elas. A dura realidade é a de um modelo que envolve custos de produção, nuances dos negócios do esporte e outros aspectos comerciais, que, somados, pesam no bolso do torcedor.

“O futebol se tornou realmente um esporte caro para quem faz. As margens das fornecedoras estão cada vez mais apertadas em função da dificuldade de combater a pirataria, e os clubes acabam ficando, de certa forma, reféns”, explica Raphael Campos, vice-presidente de planejamento estratégico do Sport, que atua junto com a Umbro e em marca própria em busca de linhas mais populares. “Entendemos o momento do mercado, mas também não podemos perder receita e, de certa forma (precisamos), popularizar também. Porque é um esporte muito popular, embora caro.”

Alternativa

As camisas oficiais de clubes têm uma particularidade. As marcas normalmente comercializam dois modelos: uma versão de torcedor (com o escudo bordado e menos aplicação de tecnologia) e outra de jogador (mais cara, igual ao modelo que os atletas usam em campo). A primeira, citada no início desta matéria e no levantamento ao lado, é a mais comum e menos custosa. Mas seu preço também é alto. No caso da Puma, há uma versão mais barata — “estádio” — da camisa do Palmeiras.

Como no Sport, uma das soluções tem sido as camisas populares, peças mais baratas que replicam detalhes do uniforme oficial ou os simplificam. Nos últimos cinco anos, clubes como Bahia, Botafogo, CRB, Fortaleza e Ponte Preta tentaram iniciativas parecidas, com unidades que variavam entre R$ 89,90 e R$ 119,90.

Mas muitos desses projetos se perderam durante a pandemia. Em 2019, o Fortaleza chegou a oferecer desconto de R$ 10 na compra de um modelo original para quem apresentasse uma camisa falsa.

“Futebol é uma atividade de paixões e milhões. Aqui não há juízo de valor. São fatos. A venda de produtos oficiais entra como uma receita bem importante. Claro que há exagero em alguns valores, mas é preciso entender que não se está vendendo apenas a camisa. O clube busca, juntamente com outras fontes de receita, financiar uma atividade cada vez mais cara, de folhas exorbitantes”, explica Marcel Pinheiro, diretor de comunicação e marketing do Fortaleza, que garante que o clube segue apostando em linhas populares como iniciativa complementar.

O Inter é outro que tenta baratear o produto e planeja uma versão mais acessível ainda para este ano, “muito semelhante ao uniforme de jogo”.

“O modelo torcedor adulto deverá custar R$ 179,99, quase 50% do valor da camisa de jogo”, projeta Nelson Pires, vice-presidente de marketing do clube.

Itens de contrato

São poucas as marcas que mantêm fábricas no Brasil. Também há o desejo dessas empresas de valorizar seus produtos, torná-los “grifes”. Segundo dados da Associação Comercial de São Paulo, os impostos que incidem nas camisas de time até chegarem às lojas estão em 34,67%.

Os contratos entre os clubes e as fornecedoras também têm sido amarrados em termos que deixam o mercado mais centralizado, podendo elevar o custo final. Palmeiras e São Paulo, por exemplo, têm acordos de exclusividade com Puma e New Balance no Brasil.

“Em média, os clubes ficam com algo em torno de 10% a 15% do preço de venda ao público. Esse valor pode ser influenciado por vários fatores, como a força da marca do clube, o poder de negociação com o fornecedor e as condições específicas do vínculo entre as partes”, diz Caio Fink, especialista em contratos do escritório Machado Advogados.

Os custos altos não são exclusividade do mercado brasileiro. A camisa do Manchester City, atual campeão inglês, vale 75 libras (cerca de R$ 470), num país que tem a hora de trabalho mínima a 10,42 libras. Por aqui, a solução dos consumidores, além do mercado popular, é buscar promoções, especialmente em períodos de troca de linhas de uniformes.

Fornecedora do Corinthians, a Nike cita, em nota, tecnologia, tributação e logística. E explica que seus produtos podem ser encontrados a preços mais baixos em ações promocionais. A Puma alega “práticas de mercado justas para todos” e reforça a existência de três modelos de camisa.

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