Terça-feira, 19 de Março de 2024

Home em foco Taiwan: que lições tirar dos exercícios militares chineses no entorno da ilha?

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Apesar dos apelos de países ocidentais e do Japão, a China confirmou, nesta segunda-feira (8), a continuação de seus exercícios militares no entorno de Taiwan, ainda como uma resposta à visita da congressista americana Nancy Pelosi à ilha reivindicada por Pequim.

No domingo (7), o ministro dos Transportes taiwanês indicou que os voos e a navegação já podiam ser retomados gradualmente em seis das sete “zonas de perigo temporário” – ou seja, onde Pequim realiza manobras militares em escala sem precedentes, desde a última quinta (4).

De acordo com observadores, essas manobras oferecem apenas uma amostra do que pode se tornar a norma no estreito de Taiwan.

As forças armadas de Taiwan anunciaram que realizarão exercícios militares com munição real esta semana, simulando uma defesa da ilha contra uma invasão chinesa. Em um comunicado, o ministério das Relações Exteriores de Taiwan condenou a continuação das manobras chinesas que minam o status quo no Estreito de Taiwan e aumentam as tensões na região.

Os taiwaneses vão treinar nesta terça (9) e quinta (11) na região de Pingtung, no extremo sul. Os exercícios já estavam programados e não são uma resposta às manobras militares chineses. “Diante da intimidação militar criada pela China, Taiwan não vai se amedrontar ou recuar, e vai defender mais firmemente sua soberania, segurança nacional, e estilo de vida livre e democrático”, disse a chancelaria taiwanesa em nota.

No domingo, o primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, disse que “o uso brutal da força militar pela China está minando a paz e a estabilidade regionais”. De acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, mísseis balísticos sobrevoaram Taiwan nesta semana pela primeira vez. Para provar o quão perto estavam da costa, os militares chineses divulgaram uma foto que disseram ter tirado de um de seus navios de guerra no fim de semana, mostrando um edifício da marinha taiwanesa a apenas algumas centenas de metros de distância.

O Exército Popular de Libertação chinês pôde testar o poder de fogo de suas forças aéreas e marítimas. Alguns observadores acreditam que a China desenvolveu tanto seus meios militares que um “bloqueio” de Taiwan agora parece possível.

Esta é a primeira vez que o Exército estende seus exercícios para o leste de Taiwan, de modo a cercar a ilha – uma área muito estratégica para a entrada de suprimentos. É também deste lado que chegariam possíveis reforços militares americanos, em caso de um ataque.

A lição a ser aprendida, em caso de guerra, é que Pequim poderá impedir qualquer entrada e saída de Taiwan de navios e aviões, civis ou militares. Os 23 milhões de habitantes ficariam, portanto, encurralados.

Os taiwaneses devem esperar outras manobras de tal magnitude no futuro? Sim, porque esses exercícios em escala real provavelmente se tornarão a norma, dizem os observadores.

Se hoje as capacidades militares de Pequim ainda são inferiores às dos Estados Unidos, a China está colocando os meios para alcançá-la. De acordo com o Pentágono, o objetivo de Pequim seria alcançar poder de fogo suficiente para superar qualquer resistência a uma invasão de Taiwan, até 2027.

Resposta

No dia seguinte à partida de Taipei de Nancy Pelosi, a número três dos Estados Unidos e presidente da Câmara dos Representantes, o Exército chinês lançou vastas manobras de “fogo real” em seis grandes áreas ao redor de Taiwan. Os exercícios deveriam terminar ao meio-dia de domingo, de acordo com a administração de segurança marítima chinesa. Mas as manobras continuam.

“O Exército de Libertação Popular (…) continua a realizar exercícios conjuntos práticos no mar e no espaço aéreo ao redor de Taiwan, com foco em operações conjuntas anti-submarino e de assalto marítimo”, informou o Comando Oriental do Exército chinês, nesta segunda-feira.

Nos últimos dias, o Exército de Pequim vem realizando os maiores exercícios militares de sua história nesta área, enviando caças, navios de guerra, drones e disparando mísseis balísticos. Por sua escala, os exercícios suscitaram críticas dos chefes da diplomacia do G7 (Estados Unidos, Japão, França, Alemanha, Itália, Canadá, Reino Unido), que consideraram que “não havia justificativa para essas manobras “agressivas”.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chamou a reação chinesa de “total desproporção”. Especialmente depois que a China suspendeu uma série de discussões e cooperação sino-americanas, inclusive sobre mudanças climáticas. Juntamente com seus colegas japoneses e australianos, Blinken também emitiu um comunicado pedindo à China que pare seus exercícios militares.

A China considera Taiwan como uma de suas províncias que ainda não conseguiu reunificar ao resto do seu território desde o fim da Guerra Civil Chinesa (1949). Contra qualquer iniciativa que dê legitimidade internacional às autoridades taiwanesas, Pequim desencoraja o contato oficial entre Taiwan e outros países.

Autoridades dos EUA visitam a ilha com frequência, mas a China considera a visita de Pelosi, uma das figuras mais altas na hierarquia do Estado americano, uma grande provocação. A viagem, a primeira de um integrante do alto escalão americano à ilha desde 1997, foi considerada por Pequim uma violação da sua soberania e um estímulo à independência da ilha.

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