Sábado, 04 de Maio de 2024

Home em foco Alexandre de Moraes vai a evento em Londres de empresária que criticou “canetaço” do Supremo

Compartilhe esta notícia:

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está protagonizando em Londres um evento jurídico promovido por uma empresária bolsonarista que já escreveu artigos repudiando o “canetaço” do Supremo e criticando “cidadãos de toga” que “afrontam a democracia”.

Moraes vai participar de um painel sobre os “Mecanismos de aprimoramento do processo eleitoral”, nesta quinta-feira (25), e ainda da sessão de encerramento do evento, ao lado do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e dos ministros do Supremo Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

Além deles, também participam do evento, promovido pelo Grupo Voto, ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e integrantes do primeiro escalão do governo Lula, como o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

Ao todo estão entre os convidados três ministros do STF, cinco do STJ e dois ministros do governo Lula. Desses, Moraes e Raul Araújo também são ministros do TSE.

Além de Karim Miskulin, presidente do Grupo Voto, financia o evento de três dias o empresário Alberto Leite do grupo FS Security – outro entusiasta do bolsonarismo que se declara admirador de Musk.

O evento ocorre no luxuoso hotel The Peninsula, próximo do Palácio de Buckingham, com diárias que custam ao menos R$ 6 mil.

O STF e o TSE informaram à equipe da coluna que não bancaram as despesas de viagem dos magistrados, mas o grupo Voto não respondeu se pagou as passagens e a estadia dos ministros. O STJ também não se manifestou.

Em 15 de dezembro de 2022, no fim do governo Bolsonaro, Miskulin publicou uma análise sobre o cenário nacional “feita, sobretudo, pela Karim cidadã”.

“Censura não”, escreveu, referindo-se aos bloqueios de contas em redes sociais, sem citar explicitamente Moraes.

Mais recentemente, o ministro do STF entrou na mira do empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), que o chamou de “ditador”. Leite, o patrocinador master do evento, já chamou Musk de “simpático” e “aberto” após reunião com o bilionário em São Paulo, em 2022.

Há dois meses, após ato de Bolsonaro que reuniu milhares de apoiadores na Avenida Paulista, Miskulin postou em seu perfil na rede social corporativa LinkedIn que a manifestação representou “um momento crucial para a direita brasileira”.

“Esse evento não apenas demonstra a lealdade dos seus seguidores, quase metade dos eleitores brasileiros, mas também projeta a influência de Bolsonaro nas eleições municipais de 2024. Sua capacidade de mobilizar uma grande quantidade de pessoas indica que candidatos alinhados com sua agenda terão vantagem nas urnas”, afirmou.

Na esteira dos atos de 8 de Janeiro, a CEO do Grupo Voto escreveu um artigo publicado no jornal O Globo intitulado “Direita não é quebradeira”, tentando isolar os extremistas que dilapidaram o patrimônio nacional.

“A direita brasileira, que norteia os governadores dos principais estados do Brasil, é muito diferente: empreendedora, intelectualizada, com abertura para o diálogo e resultados inegáveis de gestão. Não batizem de direita o que é diabólico, perverso e cruel”, disse a cientista política, em 26 de janeiro de 2023.

Na época do artigo, Moraes havia decidido afastar do cargo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), apontando “conduta dolosamente omissiva” do emedebista, que teria ignorado “todos os apelos das autoridades” para a realização de um plano de segurança semelhante ao dos desfiles de 7 de Setembro.

Ainda que não cite Moraes explicitamente, a cientista política critica a decisão do ministro.

“A unidade não virá destituindo governadores, muito menos pelo canetaço do Supremo Tribunal Federal (STF). Tal prática agudizará ainda mais um cenário caótico e, seguramente, de inviabilidade política e econômica. Estamos diante de uma revolução. Mas a revolução não pode ser bélica, resolvida na ponta da faca, no grito e na força. A revolução precisa ser de ideias, pois o conflito é de pensamento.”

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Alexandre de Moraes diz que não há indícios de tentativa de fuga em visita de Bolsonaro a embaixada; ex-presidente passou duas noites na representação da Hungria em fevereiro, após ter passaporte apreendido
Supremo passa a calcular impacto econômico de processos levados a julgamento
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Show de Notícias