Segunda-feira, 20 de Maio de 2024

Home Saúde Novos estudos mostram o poder da música no tratamento de diferentes doenças

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O Rock in Rio está aí para ratificar o potencial da música no entretenimento, manifestação artística e capacidade de união. Cresce, no entanto, o uso dos sons e melodias para ajudar em tratamentos de doenças. Para a pedagoga Kátia Cilene, de 53 anos, sessões de musicoterapia ajudaram a sair de problemas mentais.

Katita, como prefere ser chamada, teve ataques de pânico e caiu em uma forte depressão após um episódio de assédio moral no trabalho seguido de demissão. Ela conta ter perdido o chão, mas graças às sessões de musicoterapia pôde aprender a expressar suas dores através dos sons e até a recuperar a própria identidade.

“A música foi minha ‘tábua de salvação’, sem ela não teria conseguido seguir em frente. A saúde mental é uma linha tênue, hoje você está bem no seu caminho, mas se não se cuidar, pode pirar. A música agora faz parte da minha identidade”, explica.

Segundo definição da National Therapy, “musicoterapia é a utilização da música para alcançar objetivos terapêuticos: recuperação, manutenção e melhoria da saúde física e mental”.

Desde a Segunda Guerra Mundial, quando músicos eram chamados para tocar para pessoas que foram à guerra e tinham sequelas, o potencial das melodias já pôde ser visto.

De lá pra cá, o emprego da música de forma científica se intensificou, sendo utilizada não só para doenças mentais, como ansiedade e depressão, mas também para pacientes em diferentes condições, como aqueles com dependência química.

Recentemente, no Brasil, profissionais da área se uniram para definir a terapia com base na música. A União Brasileira das Associações de Musicoterapia (UBAM) diz que “a prática da musicoterapia objetiva favorecer o aumento das possibilidades de existir e agir, seja no trabalho individual, com grupos, nas comunidades, organizações, instituições de saúde e sociedade, nos âmbitos da promoção, prevenção, reabilitação da saúde e de transformação de contextos sociais e comunitários; evitando dessa forma, que haja danos ou diminuição dos processos de desenvolvimento do potencial das pessoas”.

“Devemos imaginar que temos sensações rítmicas desde que estamos no útero materno até morrermos. O ouvir é o último sentido que se apaga. Então podemos pensar que quando toda essa potência é utilizada com finalidades terapêuticas, de tratamento, de promoção de participação social ou de empoderamento, há uma potência enorme”, explica a presidente da UBAM, Marly Chagas.

Um dos estudos mais recentes, conduzido pela Universidade Federal do Paraná, comprovou que a musicoterapia contribui significativamente para a redução de efeitos colaterais hospitalares, em especial a dor. Um segundo trabalho foi além, sugerindo que esse tipo de tratamento pode reparar danos cerebrais. Assim, ela pode ajudar pessoas com Alzheimer, por exemplo, a acessar memórias perdidas, conseguindo cantar uma música quando ela é tocada.

Disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2017, a musicoterapia é atualmente aplicada tanto na área social comunitária, como na saúde mental e na área hospitalar. O tipo de técnica aplicada vária de acordo com o profissional da musicoterapia e também de acordo com o paciente.

“Cada musicoterapeuta tem um perfil de tratamento, porque cada um tem um campo, seja ele o envelhecimento ou, por exemplo, o desenvolvimento das crianças neurotípicas, que têm dificuldades nas escolas, na atenção psicossocial ou na reabilitação motora”, explica Marly Chagas.

Atualmente existe um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados para regulamentar a profissão de musicoterapeuta. Se aprovada, apenas profissionais com faculdade ou pós graduação poderão exercer a terapia a partir da música nos pacientes.

O tratamento por meio da música se justifica pelo processamento que melodias e sons têm no cérebro, mais especificamente, na região do neocórtex. Lá, além de ser um local de processamento dos sons, é também uma região de controle da impulsividade e do relaxamento. Por isso a música tem um papel importante na autorregulação.

“A música tem um efeito muito positivo para quem sofre de ansiedade e déficit de atenção. Há vezes em que ela funciona como uma ferramenta para redirecionar a atenção do paciente, o que acaba indiretamente controlando a ansiedade”, explica a neuropsicóloga Priscila Sertori.

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