Domingo, 19 de Maio de 2024

Home Variedades “Parecia um furacão. Tudo foi arrancado dentro do avião”, diz dono do guincho sobre aeronave de Marília Mendonça

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Amadeu Alexandre tem 55 anos e trabalha no ramo de guinchos há 35, sempre em Piedade de Caratinga, lugarejo encravado na região Leste de Minas Gerais. No último sábado (6), pela manhã, seu celular tocou – a empresa da qual é dono ainda está funcionando em esquema de home office por causa da pandemia. A ele foi feita a proposta de retirar o avião que caíra na véspera no Córrego do Lage, dentro de um condomínio da cidade, matando a cantora sertaneja Marília Mendonça e mais quatro integrantes do voo.

Amadeu nunca tinha guinchado uma aeronave. Não sabia nem como se fazia isso. Seu dia a dia de trabalho consiste majoritariamente na retira de carros e ônibus acidentados. Embarcou na caminhonete 4 x 4 e seguiu rumo ao cenário que já tinha visto pela TV: um avião que parecia, a olhos leigos, quase intacto.

“De longe era uma coisa, de perto, parecia que tinha passado um furacão. O assoalho estava todo destruído, os bancos fora do lugar… Tudo foi arrancado dentro do avião. Não tem como não pensar no que as pessoas passaram. Fiquei atordoado”, lembra.

O trabalho de Amadeu para a PEC Táxi Aéreo, dona do avião, começou 17h30 e seguiu até perto de meia-noite. Antes de começar, ele fez as contas e viu que precisaria acionar funcionários da Fervel e da JV Guinchos, seus dois negócios, para dar conta. Oito pessoas e dois caminhões foram mobilizados. Por dois caminhões leia-se: um guincho de 200 toneladas e outro de 40. O acesso à cachoeira era difícil, o tempo não anda bom por aquelas bandas, as ruas do condomínio não foram projetadas para a passagem de veículos “medidos” em toneladas, que dirá de um avião que pesa oito.

“A parte mais complicada foi a remoção de um dos motores. Ele se desprendeu do corpo do avião e foi lançado a cerca de 300 metros, numa região íngreme e escorregadia, com muito limo. Caminhão não chegava até lá. Tivemos que ir com a caminhonete e amarrar os homens em cordas, como um corrimão, para que tivessem segurança ao retirar as peças, sem cair na cachoeira”, conta ele.

Cada motor do King Air C90A pesa cem quilos. O segundo estava bem perto da aeronave, um bimotor com turboélice fabricado em 1984 para o transporte de até seis passageiros. Para esse bastaram cabos de aço e um caminhão-guincho tradicional. A polícia local afirma que um cabo foi encontrado enrolado à hélice de um dos motores. No entanto, ainda não é possível afirmar que ele seria da torre de transmissão de energia da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que fica perto do aeroporto. Por ora essa uma das suspeitas sobre o que teria provocado o acidente.

Amadeu conta que não percebeu nada no sentido mais “investigativo” da história: “Ficou tudo uma bagaça tão grande que não deu nem pra ver. Além disso, a gente está ali para desenrolar o serviço e é leigo no assunto”.

A remoção dos motores tomou toda a segunda-feira de Amadeu e sua tropa. No sábado e no domingo, coube a eles o deslocamento do avião da cachoeira até um terreno, que chamam de terreirão, onde ficavam os caminhões. Para ser embarcada, a aeronave foi dividida em quatro partes. Primeiro foi necessário tirar cada asa para que fosse transportada pelas tais ruas estreitas. O corpo da aeronave se partiu naturalmente em dois no momento do içamento. Todo o material foi sendo levado para as sedes das empresas. No total, oito viagens foram feitas durante o fim de semana.

“Tá tudo limpo. Não deixei um parafuso. Parece que nem teve acidente.” Apesar da saga, Amadeu diz que esse não foi o maior desafio que já enfrentou. “Avião foi o primeiro, é verdade, mas já peguei serviços que deram mais trabalho”, garante ele.

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