Sábado, 18 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de outubro de 2023
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, negou nessa quarta-feira (18), que tenha dado sinalizações sobre a política monetária a investidores em encontros fechados dos quais participou na semana passada, durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), no Marrocos.
“Eu, em nenhum momento, falei nada nem remotamente parecido com o que foi interpretado, de que a probabilidade de uma coisa era maior do que a outra”, disse, em evento do Credit Suisse. “Se um dia a gente fosse dar uma mensagem como essa, jamais seria uma reunião fechada, seria em uma reunião aberta como essa.”
Na última quarta-feira (11), os juros futuros curtos subiram em resposta a rumores de que Campos Neto teria sinalizado a investidores que uma desaceleração do ritmo de cortes da Selic (a 0,25 ponto porcentual) seria mais provável do que uma aceleração (a 0,75 ponto).
Segundo ele, a fala que teria gerado confusão aconteceu em resposta a uma indagação sobre se a piora do cenário internacional havia causado também uma piora do balanço de riscos do BC. Então, surgiu outro questionamento sobre se a piora do balanço de riscos diminui a probabilidade de um corte de 0,75 ponto.
“É óbvio que sim, porque é uma distribuição que tem duas caudas, e você mexe o centro da distribuição. Na minha resposta, a minha preocupação era que as pessoas tivessem a interpretação de que a distribuição não é truncada, ou seja: quando você muda a distribuição do 0,75, muda a distribuição do 0,25 também. Mas em nenhum momento a gente falou que uma coisa era mais provável do que a outra”, disse.
No evento, Campos Neto aproveitou para reforçar que o BC entende que o ritmo de cortes de 0,5 ponto porcentual é adequado.
Dever de casa
Campos Neto disse considerar importante que o Brasil faça o “dever de casa” na política fiscal. Ele lembrou que o aumento dos juros globais parece responder, ao menos em parte, a preocupações fiscais com economias desenvolvidas.
Ele reconheceu dificuldades em temas como cortar gastos, mas defendeu ser importante perseverar no processo de ajuste fiscal. “Eu já estou aqui há quase cinco anos, já passei por dois governos e muitas histórias são parecidas, sempre olhando o que dá para cortar de gastos, e é super complicado, porque a gente tem um orçamento que é muito carimbado, muito indexado”, comentou. “Acho que é importante persistir no fiscal.”
Campos Neto acrescentou que o processo de desinflação do Brasil tem variáveis melhores do que o observado no mundo desenvolvido, como a dinâmica da inflação de alimentos e uma menor pressão de renda das famílias.
“Não tem como dizer que ele vai continuar por muito tempo, não tem como fazer essa previsão. Mas eu acho que ele tem uma parte qualitativa melhor do que o que eu vejo em alguns países do mundo desenvolvido”, afirmou.
Em termos globais, Campos Neto afirmou ser possível que a inflação mundial estacione em “patamar mais alto”, acima do nível de 2% a 3%. “Pode ser que seja 3,5%, um pouco mais alto”, comentou.
Segundo o presidente do BC, a grande questão é a taxa de sacrifício que as economias aceitarão para levar a inflação para a meta, e em qual período. Ele destacou que, quanto mais a desinflação é postergada, mais tempo é necessário viver com juros mais longos, o que causa aperto de liquidez.
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