Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

Home Saúde Saiba como a ciência explica a embriaguez e a ressaca

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Desde o alvorecer das primeiras civilizações, a humanidade consome álcool, na forma de diferentes bebidas, seja em comemorações ou cerimônias religiosas ou em momentos de lazer e descontração.

Isso se explica, em parte, pelos efeitos que sua ingestão provoca, como diminuição da ansiedade, descontração, aumento da autoestima e da sociabilidade.

Mas o consumo exagerado revela o outro lado do etanol, como causador de sonolência, sedação, falhas da memória, lentidão da fala e dos movimentos e, em casos extremos, coma e até morte – sem falar na ressaca no dia seguinte.

Mas por que isso ocorre?

O pesquisador Leinig Antonio Perazolli, do Instituto de Química do campus de Araraquara da Universidade Estadual Paulista, explica que, assim como diversas outras drogas e medicamentos ansiolíticos, a principal ação do álcool etílico ou etanol é a inibição do sistema nervoso central.

De acordo com ele, após ser consumido, sua metabolização se dá pela ação de duas enzimas, a álcool desidrogenase e a aldeído desidrogenase. A primeira converte o etanol em acetaldeído, que também é uma substância tóxica para o organismo. Por isso, a segunda enzima entra em ação, convertendo esse composto em ácido acético.

O químico Carlos Alberto da Silva Riehl, coordenador do Laboratório de Química Forense, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica por que ocorre a embriaguez.

De acordo com ele, quando consumido o álcool entra na corrente sanguínea, se difundindo por todo o corpo, chegando até o cérebro.

“Como é uma molécula menos polar que a água, porém muito solúvel neste meio, ao chegar nas fendas sinápticas (local onde um neurônio troca informações químicas com outro), ele dificulta que os neurotransmissores se desloquem entre eles, causando uma certa lentidão em nossas ações, o que gera assim o que chamamos de embriaguez”, diz.

Riehl também explica por que, num primeiro momento, as pessoas ficam desinibidas e com sensação de bem-estar geral. Depois de absorvido pelo estômago, o etanol entra na corrente sanguínea, indo rapidamente para o fígado, onde é metabolizado.

O também químico e doutorando em Ciências Farmacêuticas, Diego Defferrari, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acrescenta que o álcool é um sedativo e um anestésico leve.

“Ao ser ingerido, ele libera no cérebro neurotransmissores como dopamina e serotonina, que estão relacionados com a ativação dos centros de prazer e recompensa”, diz. “Devido a essa liberação exacerbada, ocorrem mudanças fisiológicas no organismo, como sensação de bem-estar, relaxamento, desinibição e euforia.”

“Inibir a inibição”

Segundo o farmacêutico bioquímico e doutor em Toxicologia, Maurício Yonamine, a ação do etanol no cérebro é complexa.

“Em pequenas concentrações (por exemplo, no início da ingestão de bebida alcoólica), o álcool inibe regiões do cérebro que naturalmente inibem sensações de euforia”, explica. “É o que chamamos de ‘inibir a inibição’, ou seja, provoca euforia.”

Se o sujeito que abusou da bebida superar todos esses efeitos e chegar vivo ao outro dia, poderá ainda se ver às voltas com outra consequência nefasta do etanol – que poderá fazer alguns jurar nunca mais beber: a ressaca.

Perazolli explica, em termos científicos, que ela ocorre devido, principalmente, ao acúmulo de acetaldeído não convertido em ácido acético. Indivíduos que possuam alguma deficiência na atividade da enzima aldeído desidrogenase “estão mais suscetíveis a estes efeitos e costumam exibir alguns sintomas característicos, como vermelhidão no rosto, dor de cabeça, enjoo e taquicardia”.

Segundo Yonamine, além do acúmulo de acetaldeído, a ressaca pode ter várias outras causas. “Os mecanismos físicos pelos quais ela ocorre ainda não estão completamente entendidos cientificamente”, diz.

No caso da ressaca, por exemplo, há uma outra peculiaridade. “Embora as explicações potenciais sejam numerosas, as diferenças genéticas podem explicar grande parte da variação nas ressacas entre os indivíduos”, diz o pesquisador Jemmyson Romário de Jesus, da Universidade Federal de Viçosa.

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